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Dois destaques no XXV ENCOB

Na Oficina Aquífero Guarani, Dulce e Vinícius, no lado esquerdo, e Katia, no lado direito, três membros do CBH-Lagos São João, na mesa que discutiu a questão da mulher (Foto: Divulgação ENCOB)

Além da Carta Manifesto que aponta para uma nova direção no Fórum Nacional dos Comitês de Bacia, dois outros eventos chamaram a atenção pela grandiosidade dos temas e pela ampla reflexão que trouxeram no bojo dos debates. O primeiro foi a Jornada 3, sobre “Água e Gênero”, dando continuidade à discussão necessária sobre a participação das mulheres na gestão das águas, que teve início em outros ENCOB realizado há anos. Mais uma vez mulheres se reuniram para discutir suas questões específicas na gestão das águas, agora com mais representação dos homens incluídos no debate, o que trouxe novas perspectivas para o próximo ENCOB que vai se realizar em 2025.

Dulce Tupy com a autora da cartilha A gotinha nossa em cada água, Inês Prata, do Ceará

Durante a jornada Água e Gênero, com maior participação de mulheres do que as jornadas anteriores, incluindo mais homens, a questão da mulher foi debatilda sob vários aspectos e foi possível aprofundar a participação feminina na gestão das águas em todo o país. Pesquisas foram apresentadas revelando a grande disparidade, por exemplo, da participação das mulheres nas tomadas de decisões, na sociedade e nos Comitês de Bacia, onde elas não ocupam nem 40% dos cargos de direção, embora sejam mais de 50% na sociedade. Várias propostas foram apresentadas, entre elas a criação de um GT (Grupo de Trabalho) da Mulher em todos os CBH (Comitês de Bacias Hidrográficas), reforçando a necessidade de inclusão desse segmento social em todos os ENCOB.

APROFUNDANDO OS TEMAS

Outro destaque pela importância do tema foi a Oficina Aquífero Guarani, que trouxe uma importante reflexão sobre o papel das águas subterrâneas e os riscos que correm em função de um desenvolvimento insustentável. Para sanar essa ameaça, é preciso considerar o tamanho e a importância ambiental do Aquífero Guarani que abrange 4 países – Paraguai, Brasil, Argentina e Uruguai – além de 8 estados brasileiros: Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná, São Paulo, Minas Gerais, Mato Grosso do Sul, Mato Grosso e Goiás.

Com apoio da UNESCO, a Oficina Aquífero Guarani, revelou a necessidade de agir em função de elementos chaves locais, como a questão da comunicação e divulgação, assim como a participação das mulheres, incluindo a questão de gênero nas abordagens. Nesse sentido foram apresentadas cartilhas produzidas pelo cartunista Ziraldo e Instituto Ipanema, há mais de 10 anos e ainda hoje pouco divulgadas, além de mais 2 cartilhas ambientais que destacam o protagonismo das mulheres, uma publicada em Santa Catarina e que vem sendo trabalha com as populações indígenas e outra no Ceará, cuja autora estava presente no ENCOB.

MARCHINHA CARNAVALESCA

Na ocasião, foi relembrada uma antiga música de carnaval do final dos anos 50, “Lata d’água na cabeça”, que estourou nas rádios, na voz da cantora Marlene, um ídolo na época. Composta pela dupla Jota Júnior e Luís Antônio, com uma melodia contagiante e uma letra comovente, a marchinha carnavalesca sintetizava uma situação característica na vida nas favelas no Rio de Janeiro, em alguns aspectos presente até hoje nas grandes cidades, no Nordeste do Brasil e nas regiões mais carentes da América Latica, Ásia e África. Eis a letra surpreendentemente sintética e bela; um retrato dos recursos hídricos em várias regiões até hoje!. A música cantada espontaneamento por uma participante foi gravada e viralizou entre os participantes da Oficina no ENCOB, em Natal.

LATA D’ÁGUA NA CABEÇA

Lata d’água na cabeça
Lá vai Maria, lá vai Maria
Sobe o morro e não se cansa
Pela mão leva a criança
Lá vai Maria

Maria lava roupa lá no alto
Lutando pelo pão de cada dia
Sonhando com a vida do asfalto
Que acaba onde o morro principia

O Aquífero Guarani abrange 4 países: Uruguai, Argentina, Paraguai e Brasil

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