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A eterna Lygia Fagundes Telles

Cultura é Notícia - Beatriz Dutra
Beatriz Dutra e Lygia Fagundes Telles. (Foto: Divulgação)

Em longínqua tarde que a memória não me permitiu fixar a data, acompanhada do parceiro e amigo Claudionor Cruz, estávamos num estúdio de TV como jurados de um concurso musical, quando alguém me disse: – Você não vai falar com a Lygia Fagundes Telles? Ela também está aqui!… E como, naquela época, eu só a conhecia de nome, (ainda não havia lido nenhum dos seus livros), não senti necessidade de me dirigir a ela…

Mas alguns dias depois, ao ler o jornal de manhazinha, tomei conhecimento de uma entrevista dada por ela, em uma página inteira, sobre o lançamento do seu livro aqui no Rio, intitulado: “A Disciplina do Amor”. Ali senti a grandiosidade de Lygia como escritora e como ser humano, e decidi conhecê-la mais de perto, e tanto quanto me fosse possível, estar mais próxima da sua vida.

E assim foi: sempre que ela vinha ao Rio para alguma palestra, procurava estar presente. Assisti a várias delas na Academia Brasileira de Letras, Instituto Moreira Salles e outros locais onde ela sempre resplandecia. Lygia era sempre imperdível!

Em 1998, fui à Grécia e estava decidida a conhecer e selecionar postais das esculturas gregas mais expressivas. E levei um susto quando percebi que a bela literatura de Lygia nelas estava presente! Elaborei então um calendário para ela, com fotos das esculturas e respectivas frases de Lygia vinculadas àquelas belezas!

Durante muito tempo, ministrei aulas de Introdução ao Estudo do Direito, na Universidade Gama Filho, e ao colocar no quadro de giz o resumo da matéria do dia, ilustrava-o sempre com uma bela frase literária que pudesse tocar a sensibilidade dos alunos. Lygia foi citada várias vezes, e, para minha surpresa, um dia, um dos alunos mais atentos e conscienciosos revelou-me: – “Professora, veja que coincidência: uma das escritoras de sua predileção é minha tia e madrinha: Lygia Fagundes Telles!…”. Sorri para aquela revelação: afinal, não é a coincidência a assinatura de Deus quando quer ficar anônimo?…

Certo dia, estava em minha casa aqui em Saquarema, quando, ao recolher a correspondência chegada, havia um postal da querida Lygia, em que ela dizia: “Que belo esse seu mar de Saquarema! Fiquei emocionada diante de tanta beleza. Uma praia assim até o nosso corrosivo Machado de Assis poderia dizer, A VIDA É BOA.”

Ter lido seus livros e ter tido o privilégio de vários momentos em sua companhia, certamente fizeram de mim um ser humano bem mais sensível às belezas da vida e aguçaram meu olhar sobre as necessidades de meu próximo.
Ela se foi… mas deixou suas essência e beleza eternizadas em seus livros e nos corações de seus inúmeros leitores e admiradores. Para sempre, VIVA LYGIA FAGUNDES TELLES!…

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