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O começo do fim da era petróleo

A COP 28 se realizou nos Emirados Árabes Unidos, membro da OPEP, poderoso grupo de exportadores de petróleo (Fotos: Divulgação/COP28)

Há cerca de três anos, minha filha esteve em Colônia, Alemanha, convidada a dar aulas de Ashtanga Yoga para um pequeno grupo de adeptos dessa expressão da cultura hindu ou indiana. São jovens linkados num novo mundo, muitas vezes veganos, adeptos da hinduísmo, que visitavam a Índia, antes da pandemia, porque depois ficou tudo mais difícel. Chegando justamente de uma viagem à Índia, minha filha ficou encantada com o país, Alemanha, que já conhecia de outra viagem a Berlim, mas nunca havia partilhado o dia a dia com uma família local. Desde a primeira noite viu pela janela uma fumaça vermelha que não se apagava nunca. Curiosa, perguntou durante o café da manhã o que era aquela fumaça? Para surpresa sua, ficou sabendo que era uma usina de carvão que queimava dia e noite, sempre, sem parar, há anos!

O carvão pode ser mineral ou vegetal. Mas de todas as formas continua sendo, em pleno século XXI, uma das fontes de maior poluição no planeta, cujos gases provocam o aquecimento global através do efeito estufa! A queima do carvão, como é feito ainda hoje na Alemanha e em diversos países é um crime ambiental que deveria ter sido banido na COP 28, que acaba de se encerrar nos Emirados Árabes, sem muitos avanços. O que era esperança, por parte dos ambientalistas, acabou virando uma decepção órque nem o petróleo – e outras fontes sujas de energia, como o carvão – foram banidos. Apenas serão analisados na próxima COP 29, que vai se realizar no Azebarjão, visando a transição de energia suja para energia limpa, em todo o planeta. Assim, discretamente, a energia suja continuará sendo praticada sem freio na maioria dos países, incluindo na Europa, Estados Unidos, Asia e África, América Latina e no Brasil.

FLORESTAS TROPICAIS

O Brasil teve uma grande participação na COP 28, com a presença do presidente Lula e 7 ministros integrando a maior delegação com mais de 1.300 participantes. Mas o trunfo maior foi a presença da ministra Marina Silva, ícone do ambientalismo mundial. Marina lançou a proposta de um Fundo chamado “Florestas Tropicais para Sempre”, para os países desenvolvidos (ricos) compensarem os países em desenvolvimento ou pobres como o Brasil, que preservam suas florestas tropicais, além dos mais ameaçados como os países-ilha que correm o risco de afundarem no oceano.

A voz dissonante foi do ministro de Minas e Energia, Alexandre Padilha, que apoia abertamente a exploração de petroleo na Foz do Amazonas. Enquanto a Colômbia aderiu ao Tratado de Não Proliferação de Combustíveis Fósseis, o Brasil anunciou sua adesão à OPEP + (uma extensão da Organização dos Países Exportadores de Petróleo, que agrega mais países além dos fundadores originais). Segundo o sociólogo e ambilentalista Listz Vieira, no dia seguinte ao encerramento da COP28, o governo brasileiro realizou leilão no Rio de Janeiro de mais de 600 poços de petróleo e gás, alguns em áreas muito sensíveis do ponto de vista ambiental e social. A própria Agência Internacional de Energia vem indicando que a demanda global por combustíveis fósseis, como o petróleo, deve cair somente a partir de 2028, assim como o preço do barril.

AQUECIMENTO GLOBAL

Projeções do Orçamento Global de Carbono, preveem que as emissões de gases do efeito estuda produzidas pelo carvão deverão aumentar em 1,1. %, as do petróleo 1,5% e as do gás natural 0,5%. Embora o planeta já esteja superaquecido, as decisões da COP 28 foram tímidas em matéria de combustíveis fósseis. O relatório do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA), publicado em 20 de novembro, recomendou a redução das emissões de gases do efeito estufa (GEE) em 42% até 2030, para conter o aquecimento global e evitar um colapso no planeta. O ano de 2023 já é considerado o mais quente da história e a tudo indica que a temperatura continuará a subir, assim como as ondas de calor, as secas e as inundações, colocando em risco o futuro da humanidade.

Retomando Listz Vieira, a COP 28 foi realizada nos Emirados Árabes Unidos, país petroleiro, membro da OPEP (Organização dos Países Exportadores de Petróleo) e a COP 29 será no Azerbaijão, um país que tem 75% de sua economia baseada na produção de combustíveis fósseis. Por isso, muita gente deposita esperanças na COP 30, a ser realizada em 2025 em Belém do Pará, no Brasil. Acabou a COP 28, mas a meta de alcançar o grau do aquecimento globar em apenas 1,5º, aprovada em 2015 na Conferência de Paris, na COP 21, continua ameaçada, denuncia o ambientalista.

PROCESSO DE EXTINÇÃO

E vai mais longe, apontando “a perda da biodiversidade mundial”, como um problema dramático, um gigantesco processo de extinção, ameaçando mais de um milhão de espécies vegetais e animais conhecidas no planeta. Por fim, Listz sintetiza: a crise ecológica coloca em risco a sobrevivência da humanidade, mina o capitalismo pelas ondas crescentes de catástrofes climáticas e traz como consequência a destruição dos recursos naturais e o aquecimento global que ameaçam a própria sobrevivência da vida na Terra.

O presidente Lula passou a palavra à ministra Marina que falou das florestas tropicais incluindo a Amazônia

Ao fim da Conferência, a ministra do Meio Ambiente e Mudança do Clima, Marina Silva, que chefiava a delegação brasileira, comemorou o fato da COP 28 reconhecer o superaquecimento e as ameças que isto significa, além de indicar uma solução: é preciso eliminar os combustíveis fósseis! Esse diagnóstico já foi proclamado há 31 anos atrás, na Rio-92. Só que agora os países membros da ONU deverão atacar o problema de frente e não poderão mais adiar indefinidamente o fim dos combustíveis fósseis! Principalmente diante da forte pressão dos países-ilha, que podem desaparecer com o aumento do nível do mar, devido ao aquecimento global do presente.

O aquecimento global atinge a todos no planeta

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