Beatriz Dutra: Cultura é Notícia Cidade Comunidade Cultura Nas Bancas

Inesquecíveis!…

Cultura é Notícia - Beatriz Dutra
Ligia Fagundes Telles

“Alguém me abraça. Alguém me diz: “Tem coragem. As pessoas só morrem quando nos esquecemos delas.” (José Eduardo Agualusa, em sua bela crônica “O Grande Lago Escuro”, publicada no jornal “O Globo”, de 06.05.2023). Assim, “as pessoas só morrem quando nos esquecemos delas.”

E como esquecer, por exemplos, no campo da nossa música popular, de ELIS REGINA – moderna e versátil em tudo que cantou e deixou gravado!… ; de RITA LEE – descontraída, irreverente, transgressora, que nos fazia cantar, dançar e sorrir… ; de GAL COSTA, que com sua voz cristalina, sempre soube chegar aos nossos corações!…

Já no campo da nossa Literatura, só em 2022 perdemos duas das nossas maiores escritoras: NÉLIDA PIÑON e LYGIA FAGUNDES TELLES, mas que não serão esquecidas, sobretudo, pelo que deixaram escrito em suas magníficas obras. Como esquecermos, por exemplo, da beleza de suas frases: De Nélida – “Sou sensível diante dos gestos de flor”, “A vida é a arte da aprendizagem da paciência”, “Sucumbida a tanta carga, exige a alma de volta”, “O amor é e será sempre teu melhor gesto na terra. O único capaz de projetar luz sobre esta precária existência humana.” Agora, algumas frases de Lygia (para sempre na nossa memória e no nosso coração): “Mas querer esconder o amor é como querer esconder o sol”, … “mesmo distantes, mesmo caladas encontravam-se nas profundidades, como as raízes”, “Lá nas profundezas o amor é de uma ordem e de uma harmonia só comparável à abóbada celeste”, “Ela o amava na mais perfeita forma de que um ser humano é capaz de amar: sem esperar nada em troca.”
Perdermos um ser que admiramos, amamos e fez ou é parte de nossas vidas é sempre muito difícil. Enfraquece-nos. Muitas vezes adoece-nos… Mas desesperar… jamais! Porque “as pessoas só morrem quando nos esquecemos delas.” E há pessoas inesquecíveis!

SAINT-EXUPÉRY escreveu em seu livro “Terra dos Homens”: “Estive perdido, me senti em um abismo de desespero; mas precisava apenas de resignar-me, para encontrar a paz.” E eu, sincera e simplesmente, acrescentaria: resignação e o cultivo permanente na memória, das lembranças felizes que vivemos com aqueles que admiramos e amamos, e que sempre estarão em nós, mesmo que já tenham partido… e que temos a esperança de um dia reencontrá-los na eternidade!…

Nélida Piñon

Similar Posts