
Orgulho das festas juninas de Saquarema, a Quadrilha Asa Branca é vitoriosa desde o seu nascimento, em Sampaio Corrêa. Dirigida pelo marcador João Campelo, mais conhecido como João da Asa Branca, a quadrilha foi crescendo e se estabeleceu definitivamente no bairro rural mais importante da cidade: a Basiléia. Alí, a Asa Branca se tornou uma verdadeira escola, onde a principal lição é a dança da quadrilha. Nos últimos anos, a Asa Branca cresceu e se tornou uma quadrilha famosa não só em Saquarema, mas no Estado do Rio de Janeiro, onde ganhou vários prêmios, entre eles um prêmio cultural da Lei Aldir Blanc. Assim, investiu no figurino dos dançarinos, cada vez mais belos e atraentes.
Para João, esse foi o caminho natural, que tem levado a Quadrilha Asa Branca a vários municípios da Baixada Litorânea e também a Niterói e São Gonçalo, como ocorreu recentemente, sem falar nos bairros da cidade, como Barra Nova, Serra do Mato Grosso, Vila e Boqueirão. Não há na cidade quem não se lembre da Quadrilha Asa Branca se apresentando no meio da noite com sua dança contagiante, bela e cheia de estilo. Hoje, com décadas de existência e uma agenda repleta de convites para se apresentar, aqui ou em outros municípios, a Asa Branca tem um nome que faz juz a seus atrativos, a sua organização e seus pares.
ARISTOCRÁTICA E POPULAR
Quadrilha – que vem do vem do francês quadrille – é um tipo de dança de salão que, como escreveu o folclorista Câmara Cascudo, foi a grande “dança palaciana” do século XIX. Originalmente, era dançada por quadro pares em formação retangular. Resultado da mistura de várias danças européias, tendo seu auge no século XIX, quando foi introduzida no Brasil. Aqui se consolidou como dança junina, quando acontece nos bailes comemorativos dos santos do mês de junho: Santo Antônio, São João e São Pedro, realizadas no Rio de Janeiro, Salvador, Fortaleza e Recife, especialmente em Campo Grande, capital da quadrilha na Paraíba. Hoje a dança atravessa não só o mês de junho mas se estende pelo mês de julho, alcançando em algumas localidades até o mês de agosto.
No século XIX, a quadrilha era dançada nos bailes palacianos das cortes europeias e da alta sociedade americana e, mesmo se tornando popular, não perdeu o caráter aristocrático. No Brasil Colônia, durante o Período Regencial, a quadrilha foi “trazida por mestres de orquestras de dança francesas, como Milliet e Cavallier, que tocavam as músicas de Musard, “o pai das quadrilhas”, e Tolbecque”, registrou Cascudo. Sua popularização no Brasil fez com que ganhasse comandos inesperados e tivesse uma grande duração que terminava por se constituir no próprio baile, e não uma das danças dele. Esses comandos eram e continuam sendo gritados pelo “marcante” – ou marcador – muitas vezes com repetições. As quadrilhas se espalharam desde a Corte Imperial até os sertões.