A Revista da União Brasileira de Escritores (UBE-RJ) lançou mais um exemplar, desta vez dedicado à Stella Leonardos, uma grande estudiosa da cultura popular, que já na segunda ata da entidade, criada em 1958, ingressou em sua Diretoria, ao lado de escritores como Jorge Amado, Dinah Silveira de Queiroz, Eneida de Moraes, Orígenes Lessa, Eduardo Portela e Peregrino Júnior, entre outros e outras. Para homenagear o centenário de nascimento de Stella Leonardos, a revista lançou esta revista com muitos autores e uma entrevista com o crítico literário, escritor (autor de 14 livros) e doutor em Literatura pela UFRJ Ivan Cavalcanti Proença, que dirige junto com sua esposa Isis Proença a Oficina Literária,l a OLIP, mais antiga do país.
A entrevista com o professor Ivan, feita por Cecília Coimbra, Mirian de Carvalho, Victória Grabois e Marcelo Mourão gira em torno de ato heróico do então tenente Ivan quando era membro do Exército Brasileiro, em 1964, e ajudou os estudantes da Faculdade Nacional de Direito, no Campo de Santana, a se salvarem dos ataques criminosos de militantes da direita, ultra-reacionários, que apoiavam o Golpe Militar e lançavam bombas pelas janelas do Centro Acadêmio CACO, contra os estudantes acossados. Esta ação em nome da democracia, custou ao jovem Ivan Proença sua saída do Exército e uma cassação branca que o prejudicou durante vários anos, enquanto durou a Ditadura Civil e Militar no Brasil.
IVAN: UMA LENDA
Na “orelha” da Revista Renovarte, a diretora da Biblioteca da UBE, Isabella Thiago de Melo destaca alguns aspectos da biografia de Ivan Cavalcanti Proença. “Doutor em Literatura, esteve à frente da Editora José Olympio e conviveu com a nata do Modernismo Brasileiro. É o escritor que traduziu A Batalha de Stalingrado (que decidiu a Segunda Grande Guerra) do General Tchuikov. Adaptou da Literatura para o Cinema Dona Flor e Seus Dois Maridos de Jorge Amado, o clássico com Sônia Braga, José Wilker e Mauro Mendonça, dirigido por Bruno Barreto. Em outras palavras: Ivan Cavalcanti é um lenda.”
Segundo Isabela, que também é Presidente do Instituto Thiago de Melo, no capítulo de Resenhas & Livros, o Dr. Cláudio Aguiar analisa quatro novos livros: A história íntima de Gilberto Freire, de Mário Lélio Gomes, Livre Arbítrio: mil e tantos poemas, de Álvaro Alves de Faria, Charles Baudelaire: um avatar da lírica moderna, de Dalma Nascimento e O Feitor de Enigmas, de Natanael Lima Júnior. Cada um mais interessante que o outro”.
STELLA LEONARDOS
Voltando à homenageada da Revista da UBE, Stella Leonardos, poetisa, teatróloga e tradutora brasileira, fez parte da terceira geração do movimento modernista e presidente da Academia Carioca de Letras, cujo centenário foi comemorado em 2023, se formou em Letras Neolatinas, em 1946, pela UFRJ e trabalhou como tradutora de espanhol, catalão, francês, provençal, inglês e italiano. Escreveu a peça “Palmares, encenada em 1944 pelo grupo “Teatro do Estudante”, de Paschoal Carlos Magno, tendo a colaboração do recém fundado Teatro Experimental do Negro (TEN), liderado pelo escritor Abdias do Nascimento.
Na revista, vários autores, participam, entre eles a nossa cronista e poeta Beatriz Dutra, presidente da Academina de Letras Rio-Cidade Maravilhosa, com magníficos poemas. “Serenidade das Coisas”, dedicado à professora e doutora Marina Paranhos, “Inesperado Hóspede”, dedicado à jornalista Dulce Tupy, editora do jornal O Saquá, e “Fim de Século, Início do Fim?”, para o filósofo Tarcísio Padilha, Beatriz Dutra se insere como grande e ilustre presença nesta revista-coletânea, em homenagem à extraordinária Stella Leonardos.
