No próximo dia 21 de janeiro, domingo, celebraremos o 170º aniversário do jornalista negro, Gustavo de Lacerda, que há 115 anos fundou da Associação Brasileira de Imprensa. Nascido em Nossa Senhora do Desterro, atual Florianópolis, Santa Catarina, Lacerda se entregou de corpo e alma ao jornalismo, “profissão que exerceu como um sacerdócio, embora explorado torpemente” destaca no livro A Trincheira da Liberdade, o jornalista Edmar Morel.
Filho de Maria das Dores, escravizada, e de pai desconhecido, Gustavo de Lacerda teve três irmãos: Frederico, Luiza e Maria. Celuta Maria Fagundes (já falecida), filha de Frederico, foi funcionária da ABI. Lacerda morreu aos 55 anos, no Rio de Janeiro, no dia 4 de setembro de 1909.
Para marcar a data a diretoria de Igualdade Étnico-Racial da ABI programou a divulgação, ao longo da semana, nas mídias digitais da ABI, de pequenos textos que sintetizam o pensamento social, político e econômico do Lacerda. Também será realizada uma live, no canal ABI TV no Youtube, com o historiador Fabio Garcia, autor do livro Gustavo de Lacerda: Vida e obra de um jornalista negro catarinense (1854 – 1909).
O fundador da ABI
Gustavo Adolfo Braga, nome na certidão de nascimento, nasceu em Nossa Senhora do Desterro, capital de Santa Catarina, hoje Florianópolis, em maio de 1854. Segundo pequeno perfil escrito pelo jornalista e acadêmico Cícero Sandroni, Gustavo de Lacerda serviu o Exército de 1870 a 1871, quando foi desligado por ideias socialistas. Em 1876 mudou para o Rio de Janeiro, capital do Império, mas regressou ao Desterro e ao Exército, de onde deu baixa em 1881. Mulato, de família pobre, foi para Santos (SP), mas voltou à Corte, conseguindo trabalho em 3 jornais.
Em janeiro de 1884 publicou seu jornal, o Meio Dia, que duraria apenas um mês. Republicano e falido, aceitou emprego de repórter no jornal O País, onde ficou até morrer. Foi repórter também de A Imprensa e trabalhou no Jornal do Brasil. Sofreu um atentado, por defender uma greve. Em 1901 publicou um pequeno livro intitulado O problema operário no Brasil.
Passou então a organizar uma instituição de profissionais da imprensa. No dia 7 de abril de 1909, numa sala de O País, foi instituída a Associação de Imprensa, mais tarde Associação Brasileira de Imprensa. Eleito presidente, Lacerda redigiu o estatuto da entidade, baseado no modelo francês, com caixa de pensões e auxílios para os sócios e suas famílias, serviço de assistência médica e farmacêutica, retiro com enfermaria e residência para velhos e enfermos, biblioteca, salões de conferências e diversões. Em setembro de 1909, Gustavo de Lacerda morreu como indigente na Santa Casa de Misericórdia, no Rio.