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Dia Internacional da Mulher Negra, Latino Americana e Caribenha, e Dia de Tereza de Benguela

Óleo sobre tela do pintor e gravurista suíço Félix Edouard Vallotton (1865 -1925). A imagem é comumente associada a Tereza de Benguela, líder quilombola do século 18

O Dia Internacional da Mulher Negra, Latino Americana e Caribenha é oficialmente comemorado na América Latina no dia 25 de julho, desde 1992, quando se realizou o 10 Encontro de Mulheres Afro-latinoamericanas e Caribenhas na República Dominicana. No Brasil, nesta data também se celebra a líder negra Tereza de Benguela, que comandou o Quilombo Quariterê, no século 18, às margens do rio Guaporé, localizado na cidade de Vila Bela da Santíssima Trindade, entre Mato Grosso e Bolívia. Instituído em 2014, pela Lei nº 12.987, o dia 25 de Julho, Dia de Tereza de Benguela e da Mulher Negra no Brasil, vem sendo comemorado cada vez mais em todo o país. Coube à primeira presidente mulher no Brasil, Dilma Rousseff, sancionar a lei em homenagem a esta heroína brasileira, esquecida pela historiografia oficial. O Quilombo Quariterê – ou Quilombo do Piolho – durou de 1730 a 1795, mais de 60 anos de resistência ativa, mesmo após a morte dos seus principais líderes: José do Piolho (Quariterê) e sua companheira Tereza de Benguela.

SIMBOLO DE RESISTÊNCIA

Símbolo de luta e resistência das mulheres negras, Tereza ficou conhecida como “Rainha Tereza”, após assumir o comando do Quilombo quando seu companheiro, o líder quilombola José Piolho (Quariterê), foi assassinado pelos bandeirantes, apoiados pelo governo colonial. Ex-escrava do capitão Timóteo Pereira Gomes, Tereza tornou-se no quilombo uma verdadeira dirigente política e estrategista militar, criando um sistema de defesa com armas trocadas com os brancos que mantinham relações com os quilombolas e armas e ferramentas roubadas das vilas e fazendas próximas.

No entanto, alguns afirmam que Tereza já era “rainha” antes da morte de seu companheiro José Piolho, pois era ela quem comandava as reuniões de uma espécie de parlamento que existia no quilombo. Esta forma de governar tinha deputados, conselheiros e reuniões em uma sede, conforme documentos da época, especialmente os “Anais de Vila Bela”.

Os objetos de ferro utilizados contra a comunidade negra que lá se refugiava eram transformados em instrumento de trabalho, pois os quilombolas, na maioria negros e índios, dominavam o uso da forja. O quilombo desenvolvia também a agricultura de algodão e possuía teares onde se fabricavam tecidos que eram comercializados fora dos quilombos, assim como o milho e outros alimentos.

Segundo alguns relatos, Tereza já era “rainha” antes da morte de seu companheiro José Piolho, pois era ela quem comandava as reuniões de uma espécie de parlamento que existia no quilombo. Esta forma de governar tinha deputados, conselheiros e reuniões em uma sede, conforme documentos da época, especialmente os “Anais de Vila Bela”.

HEROÍNA BRASILEIRA

O quilombo abrigava mais de 100 pessoas, entre elas 79 negros e 30 índios. Em 1770, Tereza foi capturada por soldados, enviados por Luís Pinto de Souza Coutinho. Os sobreviventes foram humilhados publicamente e marcados a ferro e fogo com a letra F, de fujão, e depois devolvidos aos seus antigos donos. Tereza foi humilhada diante de seus comandados e colocada numa cela, onde ficou muda, se recusando a comer e morreu dias depois. Alguns dizem que foi suicídio; outros que foi por doença; outros afirmam que foi executada! Após a sua morte, teve sua cabeça arrancada e colocada num poste dentro do quilombo, para que servisse de exemplo.

Em 1994, a escola de samba Unidos do Viradouro homenageou “Tereza de Benguela, uma rainha negra no Pantanal”, enredo do magistral carnavalesco Joãozinho Trinta, ficando em 3º lugar, no Desfile Especial, no Carnaval do Rio de Janeiro. Em São Paulo, a escola de samba Barroca Zona Sul também homenageou a líder quilombola, com o enredo “Benguela, a Barroca clama por ti, Tereza”, no carnaval de 2020. Assim, Tereza de Benguela vive na memória do povo!

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