Junho foi um período de muitas festividades religiosas em Saquarema, na maioria católicas. O mês começou com a tradicional Folia do Divino, que completou 250 anos, com a bela cerimônia da Benção da Mesa, única no Estado do Rio de Janeiro. Na semana seguinte, o Corpus Christi encheu as principais ruas do centro com seus tapetes de sal. A procissão, com uma camionete carregando o padre e o Santíssimo na carroceria, passando com as rodas sobre os tapetes, foi uma inovação que não agradou aos mais conservadores que preferiam a procissão à pé. Sinal dos tempos.
Os três santos mais famosos do mês foram homenageados com eventos que se iniciaram com a festa de Santo Antônio, com muitas barraquinhas e a imponência da procissão em Bacaxá. Depois, foi a festa de São João, na rua da capela, ao lado da Prefeitura, sem os mesmos atrativos de anos anteriores, quando Saquarma ainda tinha um ar mais rural, com fogueira, bandeirinhas… Finalmente, a festa de São Pedro, que durou 3 dias de comemorações. No primeiro dia, uma corrida de stand up modernizou a homenagem ao santo padroeiro dos pescadores. No dia seguinte, a procissão dos barcos, com saída da Colônia dos Pescadores Z-24 indo até a Praça dos Pescadores, onde a capelinha de São Pedro recebeu os devotos e onde se realizou uma missa campal. A festa se encerrou com o show de Daniel Gonzaga, filho do Gonzaguinha e neto, portanto, do rei do baião, Luiz Gonzaga.
Além destas manifestações religiosas católicas, ainda houve a habitual Toque de Xangô, promovido anualmente pela mãe de santo Dolores de Xangô, em seu terreiro, no Areal. Praticante do candomblé da linha Keto, da Bahia, mãe Dolores é uma babalorixá de respeito, muito amada por seus filhos de santo e admiradores em geral. Gente humilde, ricaços, políticos e médiuns; muitas pessoas frequentam a casa da Dolores, onde um salão enorme, com orixás e tambores, abriga fortes manifestações de fé. Saquarema é mesmo cheia de acontecimentos culturais, vinculados a suas origens, suas raízes, que constituem a sua identidade. Nesta cidade em que nem tudo é surfe, as festas religiosas ainda têm um lugar ao sol, ou à lua, para envolver moradores e turistas que buscam tranquilidade e paz, longe dos holofotes, do burburinho e da violência das grandes cidades. Saquarema, um lugar lindo de se viver.