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Reunião na Colônia de Pescadores mobilizou os ambientalistas locais

O presidente da Colônia, Matheus, fez um desabafo sobre as condições de pesca na Lagoa de Saquarema (Foto: Luiz Lopes)

Mulheres e meninas representam mais de 70% das pessoas que vivem em condições de extrema pobreza no planeta e são as maiores vítimas dos desastres climáticos, como inundações, furacões e secas. Mulheres também respondem pelos cuidados com a família; são elas que buscam água, cuidam da alimentação e da saúde. Porém, a água sempre esteve sob o domínio do sistema patriarcal, que considera a mulher um elemento fraco, vulnerável.

A bióloga Beatriz Vanacor (fotos: Dulce Tupy)

Em 1992, mudanças surgiram a partir da Carta de Dublin, aprovada meses antes da realização da Rio-92, quando foi proclamado que as mulheres tinham um papel vital no gerenciamento do meio ambiente e no desenvolvimento. A Carta de Dublin, em seu Princípio 3 definia: “As mulheres têm papel principal na provisão, gerenciamento e proteção da água”, porque, embora tivessem papel de protagonista como provedoras, usuárias e guardiãs dos recursos hídricos, essa importância não se refletia na estrutura institucional do desenvolvimento e gerenciamento da água.
A partir daí, surge o conceito de ecofeminismo, que preconiza a participação das mulheres na gestão ambiental como essencial para alcançar o desenvolvimento sustentável. Na Agenda 21, proclamada pela ONU e mais recentemente nos Objetivos do Desenvolvimento Sustentável, entre os 17 pontos, o Objetivo 5 trata da Igualdade de Gênero e, em seguida, Objetivo 6, da Água Potável e Saneamento.

Segundo a Dra. Eldis Camargo, especialista Direito Ambiental e em Gênero e Água, ex-diretora da ANA (Agência Nacional de Águas), professora da Faculdade de Direito de Itu (SP), membro da Academia de Formação Embaixadoras da Água, promovida pela BPW (Business and Profissionals Women), Women for Water Partnership e Soroptimist, “As mulheres precisam participar em todos os níveis da gestão dos recursos hídricos, incluindo tomadas de decisões”.

MULHERES E MENINAS

Beatriz Corrêa, da Fiperj, falou do processo do defeso

Hoje, estudos revelam que uma em cada quatro brasileiras não têm acesso adequado à agua tratada e coleta de esgoto. Em países de baixa renda, mulheres e meninas gastam cerca de 40 bilhões de horas por ano coletando água. Segundo dados do UNICEF (Fundo das Nações Unidas para a Infância), mulheres e crianças dedicam 125 milhões de horas para coletar água em recipientes que podem chegar a pesar até 20 kg! O acesso à água liberaria mulheres que poderiam se dedicar às atividades produtivas ou lazer. Há também uma profunda relação entre água e saúde, pois através da água muitas doenças são transmitidas.

Na prática, cada dólar investido em água potável e saneamento produz uma economia real de 4 dólares. Mulheres dispõem de um saber empírico sobre a água adquirido no cotidiano. Cada vez mais, mulheres agregam o saber técnico e acadêmico à gestão da água. É preciso mobilizar lideranças femininas e ampliar o acesso das mulheres à gestão da água. Em 2009, realizou-se em Pernambuco a “Oficina de Capacitação de Multiplicadores para a Comunidade Lusófona” com representantes do Brasil, África e Europa, onde a equidade de gênero na gestão da água foi o foco principal.

Ambientalistas de todos os matizes participaram da reunião

De lá para cá, várias atividades destacaram o papel da mulher na gestão da água, como no 8º Fórum Mundial da Água e no FAMA (Fórum Alternativo da Água), na Universidade Federal de Brasília, com a participação de mulheres, inclusive indígenas. No ENCOB (Encontro Nacional dos Comitês de Bacia) em Florianópolis realizou-se mais uma vez a “Academia Embaixadoras da se Água”, tornando cada vez mais claro para todos e todas que não há gestão integrada da água, sem a participação das mulheres.

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