Cidade Meio Ambiente

Dragagem na lagoa gera polêmica

A organização dos pescadores que levaram faixas e mostraram a capacidade  de mobilização do grupo, a favor da dragagem da lagoa. Fotos: Agnelo Quintela
A organização dos pescadores que levaram faixas e mostraram a capacidade de mobilização do grupo, a favor da dragagem da lagoa. Fotos: Agnelo Quintela

As máquinas começaram a trabalhar no desassoreamento da Lagoa de Saquarema, retirando toneladas de areia e abrindo passagem para o mar, porém surgiu uma polêmica quanto ao descarte da areia, que está sendo depositada na Barrinha, ao lado da Praia de Itaúna. A preocupação está relacionada ao impacto ambiental: de que maneira essa areia escura e com péssimo odor poderia afetar a praia mais conhecida de Saquarema. Moradores, surfistas e ambientalistas começaram um movimento para questionar os impactos do bota-fora no local. Também preocupados, mas com uma possível paralisação da obra, os pescadores tomaram postura inversa e não querem ver a lagoa agonizando, porque sem o desassoreamento não há renovação da água da lagoa e, sem oxigenação, a lagoa não tem peixe…

Diante disto, foi promovida uma audiência pública, na própria Barrinha, quando a população pôde tirar todas as dúvidas com as autoridades responsáveis. Por ser uma obra do Governo do Estado, orçada em aproximadamente 1 milhão e meio de reais, com recursos da Secretaria Estadual do Ambiente, a audiência foi feita a partir de informações trazidas pelo superintendente regional do Instituto Estadual do Ambiente (INEA), Túlio Vagner, acompanhado pelos secretários municipais de Meio Ambiente, Gilmar Magalhães, Turismo, Esporte e Lazer, Armando Ehrenfreund e Obras, Anderson Martins, que participaram deste debate democrático, com saldo altamente positivo.

Apesar do clima de desconfiança que rondava o encontro e de um tumulto natural, onde opiniões, inclusive políticas e eleitoreiras, foram manifestadas, chegou-
se a um consenso entre a comunidade e o superintendente do INEA, que detalhou os objetivos e estudos para a realização da obra, inclusive ressaltando a importância do Comitê de Bacia Hidrográfica Lagos São João, onde acontece o debate e a tomada de decisão para direcionamento dos recursos.

O descarte da dragagem fez uma montanha de areia na Barrinha, motivo de preocupação para  os moradores e ambientalistas com o impacto ambiental
O descarte da dragagem fez uma montanha de areia na Barrinha, motivo de preocupação para os moradores e ambientalistas com o impacto ambiental

“Esta obra foi aprovada pelo CBHLSJ e pelo Subcomitê da Lagoa de Saquarema, que se reúne periodicamente na Colônia de Pescadores e é aberta a todos os representantes da sociedade civil organizada da cidade”, disse Tulio Vagner, que respondeu também às dúvidas quanto à dragagem e comprometeu-se em levar à presidente do INEA, Marilene Ramos, a reivindicação popular, de transposição da areia para um outro local, numa possível readequação do projeto inicial. O secretário municipal de Meio Ambiente, Gilmar Magalhães, o Gima, cogitou a viabilidade de mudança de local para o descarte e sugeriu um terreno próximo da pista de Auto e Moto Cross, no final de Itaúna, que tem uma cratera que acabou virando uma lagoa fétida, onde funcionou uma antiga Usina de Reciclagem que mais tarde foi interditada.

Na audiência pública, pescadores trouxeram faixas para demonstrar a preocupação com uma possível paralisação da dragagem, para evitar o assoreamento cada vez mais prejudicial às atividades pesqueiras. No final, todos reconheceram que o desassoreamento da Lagoa de Saquarema é uma necessidade indiscutível e concordaram com a importância da obra que favorece a pesca, a balneabilidade e a oxigenação das águas, assim como o turismo e consequentemente o bem-estar de toda a população. Portanto a obra não vai parar e, logo que o INEA tenha uma resposta quanto ao bota-fora da areia, um novo encontro acontecerá para comunicar a decisão.

Responsável pela obra fala com exclusividade ao Saquá

Dr. José Augusto da Diretoria de Recuperação Ambiental do INEA, o secretário municipal de Meio Ambiente, Gima e o superintende regional do INEA, Túlio Vagner
Dr. José Augusto da Diretoria de Recuperação Ambiental do INEA, o secretário municipal de Meio Ambiente, Gima e o superintende regional do INEA, Túlio Vagner

O arquiteto da Diretoria de Recuperação Ambiental (DIRAM) do INEA, Dr. José Augusto de Assis, profissional com mais de 40 anos de experiência, é o responsável pela fiscalização da obra, que está sendo executada pela empresa Oriente. Atendendo ao apelo popular, ele esteve na Barrinha, apesar de nitidamente debilitado por motivos de saúde. Para o jornal O SAQUÁ o Dr. José Augusto falou sobre os benefícios da obra e garantiu tecnicamente que não há como a areia voltar à lagoa, tornando a assoreá-la, e que não há risco de poluição pela matéria orgânica encontrada na areia depositada na chamada Barrinha, na Praia de Itaúna.

“Existe toda uma preocupação ambiental, com aspectos químicos e físicos específicos da região; ninguém chegou, tirou daqui e botou ali, arbitrariamente”, explicou o Dr. José Augusto. Mesmo considerando positiva a mobilização popular, Dr. José Augusto confirmou as decisões do superintendente do INEA, Túlio Vagner, neste novo momento de interação com a comunidade, para trazer mais esclarecimentos para a população quanto à obra de desassoreamento da Lagoa de Saquarema.

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4 thoughts on “Dragagem na lagoa gera polêmica
  1. Parabéns por esta obra realizada, pois é necessária de tempos em tempos para oxigenar a lagoa de Saquarema, se este trabalho não houvesse sido feito com certeza os efeitos do entulhamento causado pela areia do mar iria acarretar a mortandade de peixes e outra especies marinhas que vivem nestas águas.

  2. É complicado, pois vai ser beneficente para uns e para outros não, nós Técnicos Ambientais, temos que ver qual vai ser o Impacto Ambiental e ver qual será o que vai prejudicar menos, pois qualquer tipo de obra tende a isso!

  3. acho otimo o trabalho de abertura do canal, mas seria otimo também a limpeza das lagoas, pois as mesmas recebem também grande quatidade de area., visto que em 97 as aguas da lagoa de Barra Nova tinham mais ou nenos uns 40 cm de altura, agora, andando na lagoa fica na altura do cacanhar, então quando a lagoa e suprida pelas aguas do mar as aguas invadem as casas e caso isso continue breve estarão nas ruas,.a verdade que esse trabalho parece só maquiagem porque não resolve no todo.

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