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Museu de Conhecimentos Gerais promove a 22ª Semana de Museus

O professor Pierre de Cristo palestrando sobre a escravidão à convite do Alexandre do Museu de Conhecimentos Gerais (foto: Dulce Tupy)

O Museu de Conhecimentos Gerais é uma instituição cultural de alto nível em Saquarema. O diretor-presidente e fundador do museu é o biólogo Carlos Alexandre que estudou na FioCruz antes de vir morar com a esposa, também bióloga, em Saquarema. Aqui eles criam uma filha já adolescente e influenciam todo o bairro de Jaconé, com as suas atividades culturais e museológicas, muitas voltadas para os estudantes, os alunos das escolas locais, incluindo o Colégio Ismênia de Barros Barroso, bem perto de sua casa e museu, na Rua 18, esquina com a Rua 96.

A semana que começou no dia 13 de maio se iniciou com uma Exposição na Reserva Técnica do Museu e no dia 14 trouxe a palestra “Morro do Ouro, a Saga de Sebastião Barroso”, do professor e mestre José Augusto da Silva Costa, no auditório do Museu. No dia 15, houve a palestra e lançamento do livro “Cabo Frio: na Rota da Escravidão”, do professor e mestre Pierre de Cristo, realizada na recém inaugurada Casa do Educador, na Avenida Saquarema, no Porto Novo.

A palestra sobre o Morro do Ouro acabou entrando na pauta de um podcast veiculado no Portal Serra Mar, no YouTube, produzido pelo Voz Serra e Mar em sua 51ª edição, com mediação do geógrafo Márcio Alex e participação do ambientalista Luiz Lopes, do professor e mestre em preservação José Augusto S. Costa e do criador do Museu de Conhecimentos Gerais, o biólogo Carlos Alexandre Cardoso. Com um microfone aberto no Zoom, o programa foi sensacional e contou com a participação de vários ouvintes que debateram o tema que envolve histórias de piratas, um tesouro que veio do Peru, pela bacia do Rio da Prata e muito mistério e paixão.

A ROTA DA ESCRAVIDÃO

Já a palestra do professor e mestre Pierre de Cristo, na Casa do Educador de Saquarema, é resultado de anos de pesquisa sobre a rota dos quilombos na Região dos Lagos. Com o rigor da pesquisa banhada em muita sensibilidade, Pierre escreveu seu livro com a urgência de revelar capítulos de uma história necessária que poucos conhecem. Para tanto, vem desde os primórdios da escravidão no mundo antigo, passando pela época do Descobrimento das Américas, desembocando no litoral do Brasil, especialmente na Região do Cabo Frio.

“Estudar escravidão é um tema profundamente complexo com poucos dados consistentes, documentos primários raríssimos, sendo que ao longo da história criou-se a cultura do apagamento da história negra neste país.”, escreve Pierre na Introdução. E continua refletindo sua análilse: “A escravidão sempre foi um ponto a ser negado, principalmente pelo sistema colonizador que produz, explicitamente, o apagamento proposital de fontes seguras.”

Abordando a escravidão indígena na América demonstra como Estado e Igreja se fundiam numa sociedade única. E faz um resumo sobre escravidão no Brasil através das datas chaves, desde 1548, ano do Regimento de Tomé de Souza que normatiza o trabalho indígena, até 1902, ano do Registro de morte de Joaquina Maria, indígena Puri, com 90 anos.

TRÁFICO CLANDESTINO

Sobre a escravidão africana, remonta às Cruzadas na Idade Média, à formação do Estado Português, com suas investidas no Mar Vermelho, Sudeste Asiático e Costa Ocidental da Índia até a expansão ultramarina pelo Continente Africano. E crava o marco da escravidão africana no Brasil em 1518, quando chegaram dez escravos africanos para trabalhar num engenho em Itamaracá, em Pernambuco.Abordando “A Escravidão Clandestina na Região de Cabo Frio” passa por vários municípios que participavam do tráfico negreiro clandestino, investiga os sepultamentos de escravos, lista os fazendeiros que eram contra a Lei do Ventre Livre, lista as comunidades quilombolas hoje no Estado doRio de Janeiro, visita as senzalas que sobreviveram e descreve instrumentos de tortura encontrados na Região. Mas é no Quilombo de Bacaxá, segundo ele o mais combativo, que ele se concentra.

É um livro necessário para quem quer saber sobre a nossa ancestralidade. Escrito em uma linguagem simples, como quem fala, Pierre de Cristo nos conduz a um passado ainda presente em nossas vidas. O que explica de certa forma o racismo ambiental que até hoje permanece na sociedade brasileira. E nesse caminho, Pierre é o nosso condutor num mergulho profundo pelo tempo.

O programa Voz Serra e Mar promoveu um debate sobre o Morro do Ouro, com o professor José Augusto de Jaconé

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