Ela chegou ao Brasil junto com os escravizados iorubás, vindos da África em navios negreiros, para serem vendidos como mão de obra escrava, sobretudo nas fazedas, mas também nas cidades. O culto a Yemanjá, uma divindade africana, era cultivado nas senzalas, mas aos poucos foi sincretizada com a imagem de Nossa Senhora da igreja católica, cultuada pelas famílias. Assim, até hoje Yemanjá tem várias faces e denominações e é homenageada em vários dias do ano, no sicretismo religioso brasileiro. Porém a data que é mais consagrada nacionalmente é o dia 2 de fevereiro que, como cantou o compositor baiano Dorival Caymmi, nos anos 50, é “Dia de festa no mar”.
Em Saquarema, duas festas em homenagem a Yemanjá se consolidaram, uma no Centro e outra em Jaconé. Homenageada sempre na praia, a Rainha do Mar, como é conhecida em todo o país, nos centros umbandistas e do candomblé, vai ganhar esse ano uma grande imagem no local onde já se realizada habitualmente o “Presente de Yemanjá”, no último sábado de janeiro, às vésperas do dia 2 de fevereiro. A cerimônia na Praia de Saquarema, ao lado do Quiosque 12, é a maior e mais antiga manifestação em homenajam à divindade afro-brasileira.
DUPLA HOMENAGEM
Em Jaconé, Yemanjá também é homenageada na praia, em frente à Rua 96, à tarde, quando são cantados os pontos (canções) para Yemanjá, acompanhados de tradicionais tambores. Coordenada pelo babalorixá Elias de Iansã, essa festa vem se consolidando ao longo dos anos no bairro famoso por seus blocos carnavalescos. Assim, Yemanjá se projeta no imaginário popular no município conhecido por suas festas católicas e grandes procissões, como a de Nossa Senhora de Nazareth, o círio mais antigo de Nazareth no Brasil, mais antigo até que o de Belém do Pará.
Promovido inicialmente, há vários anos, pelo pai de santo Sérgio, o culto a Yemanjá na Praia de Saquarema esse ano vem com novidade: uma grande imagem desta orixá, para substituir a pequena que chegou a ser vandalizada no ano passado, quando foi jogada no chão e quase foi destruída. A celebração que hoje é praticada em praticamente todo o país, nasceu na Bahia, no bairro Rio Vermelho, em Salvador. No Rio de Janeiro e em várias praias no Brasil se homenageia Yemanjá também na virado do ano, com muitos fogos, flores, oferendas e crenças, como por exemplo pular sete ondas. A divindade é considerada nas religiões afro-brasileiras mãe de todos e todas, e assim deve ser celebrada.
ORIGEM AFRICANA
Yemanjá é conhecida como Yemoja, uma orixá feminina cultuada nos territórios de origem Iorubá, em várias regiões da África, até hoje. No Brasil, Yemanjá é cultuada nas religiões de matriz africana como o Candomblé e a Umbanda. O nome vem da língua Iorubá, onde Yèyé significa mãe, omo filho e eja peixe. Tanto na África como no Brasil, Yemanjá é considerada mãe de todos os orixás.
Na Nigéria, é conhecida como Rainha das Águas, doces ou salgadas. No estado de Oxum, é cultuada na nascente do Rio Ogun. Já no Brasil, essa divindade é associada ao mar, é padroeira dos pescadores, enquanto a Oxum está ligada às águas doces: nascentes, rios e cachoeiras. Yemanjá rege o amor e a fertilidade, protege a vida marinha e controla as marés.