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‘‘O Saquá’’, vinte anos!…

Homenagem da poeta e escritora, Beatriz Dutra, presidente da Academia de Letras Rio-Cidade Maravilhosa, ao jornal O SAQUÁ pelos seus 20 anos

Beatriz Dutra e Dulce Tupy na praia de Jaconé (Foto: Edimilson Soares)

Beatriz Dutra*

Sim… nosso querido “O Saquá” – “o jornal de Saquarema”, completa VINTE ANOS de circulação ininterrupta, neste Julho de 2020. Assim, sem dúvida, já faz parte da história de Saquarema. VINTE ANOS informando aos moradores, veranistas e visitantes da poética cidade e adjacências, as notícias mais importantes da vida de Saquarema. E no centro desta notável realização está a jornalista dinâmica, vibrante, determinada e competente, que é DULCE TUPY. Quem a vê, em sua simplicidade, não pode imaginar os títulos e honrarias por ela recebidos em sua brilhante trajetória. Muitos não sabem, mas ela é detentora do “Mérito Cultural da Academia de Letras Rio – Cidade Maravilhosa”, Embaixadora da “Divine Académie des Arts, Lettres et Culture” (de Paris), “Embaixadora da Água” da “BPW Brasil”, “Women for Water Partnership e Soroptimist”, Membro da “Gender and Water Alliance” (GWA), com sede na Holanda, “Vice-presidente do Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Estado do Rio de Janeiro” e detentora de uma “Moção de Reconhecimento e Aplauso” da Câmara Municipal do Rio de Janeiro.
Segundo DULCE, “o jornal “O Saquá” é fruto do trabalho e sonho de dois jornalistas, o repórter fotográfico Edimilson Soares, que além de fotógrafo tornou-se o diretor comercial do jornal, e a editora Dulce Tupy. Neste caminho, houve também a ajuda valiosa do jornalista Silênio Vignoli, um veterano e um dos mais importantes de sua geração, com uma vasta experiência na capital e em Niterói. Nas artes gráficas, há que se agradecer a designer Lia Caldas, que trouxe para o jornal impresso e para o site que ela criou um estilo leve e original que vem sendo mantido pelo diagramador Ronan Conde Vasconcellos, que segue conosco desde a edição número zero.
A DULCE TUPY, responsável-mor por esta admirável realização – VINTE ANOS DE “O SAQUÁ” – este nosso breve mas imprescindível diálogo:

Dulce Tupy em plena atividade, durante encontro no Paraná (Foto: DIvulgação)

BD – Quando foi publicado o primeiro exemplar de “O Saquá”?
DT – A primeira edição do jornal “O Saquá”, foi uma edição número zero – experimental – no mês de julho de 2000. Era um ano de eleição e um grupo de empresários nos procurou para viabilizar um projeto editorial. Na hora, recusamos, mas depois aceitamos o desafio de viabilizar um jornal que funcionasse como contraponto aos demais que existiam na cidade. Eu tinha uma coluna sobre comunidades, no jornal semanal “Notícias da Cidade”, editado pelo jornalista Oswaldo Barcellos, muito lida no município. E já tínhamos editado o jornal comunitário “Socorema”, da Federação das Associações de Moradores e Amigos de Saquarema.

BD – Qual o sonho que você teve para “O Saquá”?
DT – Quando aceitamos criar o jornal “O Saquá”, sonhamos com um órgão de imprensa realmente profissional, numa cidade com poucas opções jornalísticas de verdade. Como editora, eu achava que seria possível contribuir com os leitores, a partir de reportagens sobre os acontecimentos locais, a pesca, a cultura, o meio ambiente, personagens, histórias da cidade, e não publicar somente política, como faziam os outros jornais.

Edimilson Soares na varanda da casa de Beatriz Dutra, em Barra Nova (Foto: Dulce Tupy)

BD – Qual a maior alegria que você teve com “O Saquá”?
DT – Foi chegar aos 10 anos de existência e, depois, aos 15 anos do jornal “O Saquá”, datas significativas e simbólicas, que demostram a resistência deste pequeno órgão de imprensa no interior do Rio de Janeiro, com poucas, pouquíssimas condições de sobrevivência. Agora, chegando aos 20 anos de circulação mensal, sem ter deixado de circular nenhum mês e às vezes saindo com edições especiais duas vezes por mês, vejo que foi de fato uma audácia, uma façanha editorial, nesta pequena cidade, na Região dos Lagos do Rio de Janeiro.

PANDEMIA

BD – E a maior tristeza?
DT – Em maio, deste ano, tivemos que imprimir o jornal totalmente em preto e branco, sem colorido, pela primeira vez, em plena pandemia do Covid 19. Foi um momento de intensa dor, pois o jornal colorido na capa, contracapa e páginas centrais, foi um marco que permaneceu por muitos anos. Agora é assim: na internet, colorido; no impresso é preto e branco. Mas os leitores aceitaram bem esta edição em preto e branco e muitos nem se deram conta da mudança… E muitos leitores já vão direto pro site: osaqua.com.br.

O jornalista Silênio Vigonoli, pai do comentarista Marcelo, na sala de sua casa no Centro (Foto: Lubete)

BD – Qual o fato de maior relevância que o jornal publicou nestes 20 anos?
DT – O jornal “O Saquá” sempre publicou fatos relevantes da vida social do município, inaugurando um novo estilo jornalístico na cidade. Entre os fatos publicados estão os campeonatos de surf nacionais e internacionais, os resultados das eleições, as tradicionais festas religiosas, com destaque para as Folias de Reis e do Divino e a cobertura do Círio de Nazareth, o mais antigo do Brasil, a inauguração de obras como a Barra Franca, no encontro da Lagoa de Saquarema e o mar, a defesa do meio ambiente, a implantação da Agenda 21 Local, programa da ONU, nascido com o objetivo do desenvolvimento sustentável, a participação ativa na Agenda 21 Comperj (Complexo Petrolífero do Rio de Janeiro) que integrou vários municípios da região, os festejos de junho com as Festas de Santo Antonio, São João e São Pedro, as danças de quadrilha, o lado rural de Saquarema e o Polo Industrial, de Sampaio Corrêa entre outras pautas de destaque publicadas no jornal.

PARCERIA

BD – Cite alguns colaboradores que o jornal teve ao longo do tempo…
DT – Entre os nossos colaboradores, um em especial ganhou fama na cidade: o jornalista AG Marinho com sua coluna policial, sempre num tom jocoso, que trazia alegria para esse tema tão pesado, abordado por ele de forma inteligente e com um estilo único que arrebatava os leitores do jornal. Tivemos também uma coluna do Pescador, do E. Caputo, muito apreciado pelos pescadores amadores e profissionais da cidade. Até o Juiz Dr. Sérgio Louzada, participou escrevendo a coluna Justiça e Cidadania, sobre direito, assim como o promotor Dr. José Francisco Basílio. Os comentaristas de futebol Gilson Gomes, destacando os times e campeonatos locais, e Marcelo Vignoli, que preconizou a vitória do time Sampaio Corrêa, atraindo uma equipe da Sport TV, da Rede Globo, que veio especialmente a Saquarema fazer uma reportagem sobre o jornal “O Saquá”, na nossa redação em frente à praia de Barra Nova. O jornal promoveu a primeira e única coluna sobre surf, a “Surf Total”, do campeão Rossini Maraca, a coluna de Enfermagem, do enfermeiro Renato Santos, a coluna literária do poeta Chico Peres e a da também poeta e assistente social Ana Maiolino com seu “Cantinho Saquaremense”, e Edna Calheiros, com sua coluna sobre mulheres, entre outras. Mas nenhum colaborador permaneceu tanto tempo – e em estreita parceria com o jornal – como a escritora e poeta Beatriz Dutra, presidente da Academia de Letras Rio-Cidade Maravilhosa, que há mais de uma década vem colaborando com pura poesia e crítica literária, todos os meses, com sua coluna “Cultura é Notícia”. Mencione-se ainda, como colaboradores, os fotógrafos Paulo Lulo, que manteve durante anos a coluna “Garota do Saquá”, Agnelo Quintela, Pedro Stabile e o mais recente Sylas Britto, além das jornalistas Monique Barcellos, Michele Maria e Alessandra Calazans, redatora, que permaneceu na redação durante anos.

SITE E LIVROS

O diagramador Ronan Conde, sempre cercado das crianças (Foto: Divulgação)

BD – Além do jornal impresso O Saquá, ainda há um site na internet: osaqua.com.br que atrai um público cada vez maior.
DT – O jornal “O Saquá”, editado pela Tupy Comunicações, desde o ano 2000, é um marco no jornalismo da cidade de Saquarema, na Região dos Lagos e no interior, onde poucos, pouquíssimos jornais, sobrevivem por tanto tempo. Em dezembro de 2010, acompanhando as tendências mundiais, o jornal “O Saquá” passou a publicar mensalmente um site na internet – o saqua.com.br – e posteriormente adotou também as redes sociais como canais de comunicação com seus leitores. Nesses 20 anos, a Tupy Comunicações, que nasceu para editar o jornal O Saquá, editou também 15 livros, um verdadeiro recorde na região, além de outros jornais como o “Voz das Águas”, órgão oficial do Comitê de Bacia Hidrográfica Lagos São João, e algumas edições do “Jornal da Câmara” entre outros. Assim, temos sobrevivido às crises, inclusive a atual pandemia que já destruiu, com o isolamento provocado pelo coronavírus, muitas empresas, especialmente as micro e pequenas como é o nosso caso.

BD – Daqui para frente, você tem algo a dizer?
DT – Não podemos prever o futuro, pós pandemia. O chamado “novo normal” que já está sendo anunciado em todo o mundo, vai ditar novas regras e vamos ter que nos adaptar para conseguir nos manter. Para onde vamos, não temos como prever. Fica apenas a certeza de que já cumprimos o nosso papel social, assumindo o compromisso de produzir um jornalismo sério e de qualidade, abordando os principais assuntos e as pautas possíveis que cabem em poucas páginas, neste formato tabloide de pequeno porte, que ousamos lançar há 20 anos e que penetrou nos corações e mentes da cidade que adotou o nosso jornal, chamado carinhosamente nas ruas de “o nosso jornalzinho”.

BD – Diante da comovente e brilhante trajetória de “O Saquá”, nestes 20 anos, resta-nos agradecer a DULCE TUPY a janela aberta com os LEITORES do jornal, que nos foi oferecida através da coluna “Cultura é Notícia”, na qual procuramos levar a todos, cultura e beleza, para tornar mais leves as nossas vidas e qualificar ainda mais os nossos dias. E não apenas agradecemos, mas parabenizamos a DULCE TUPY e a valorosa equipe de colaboradores de “O Saquá”, que ao longo do tempo souberam fazer deste pequeno-grande jornal a VOZ DE SAQUAREMA!…

*BEATRIZ DUTRA é poeta, escritora e cronista do jornal O Saquá e do jornal Sem Fronteiras. Presidente da Academia de Letras Rio-Cidade Maravilhosa, é autora de quatro livros de poesia: “Mônadas”, “Simplicidade”, “Suavidade” e “Meus Poemas Mais Amados”. “Prêmio Mario Quintana de Poesia”, da União Brasileira de Escritores, em 2009, foi eleita “Autore dell’Anno 1999”, em Trento, Itália, por seu poema “Certas Incertezas”. Em 2012, recebeu em Paris a “Medaille D’Or” da “Academie de Mérite et Devouement Français”, com as altas insígnias da “Divine Academie des Arts Lettres et Culture”. Em 2013, recebeu a medalha “Destaque 2013”, do “Real Gabinete Português Internacional” e foi agraciada com o “Prêmio Clarice Lispector de Leitura e Interpretação”, da União Brasileira de Escritores, na Academia Brasileira de Letras. Com poemas publicados no Brasil, Argentina, Colômbia, Portugal, Itália, França e Holanda, é cronista do jornal O Saquá, onde escreve mensalmente a coluna “Cultura é notícia”. Beatriz é também compositora, tendo como parceiros o grande sambista Claudionor Cruz e os maestros Orlando Silveira e Ararypê Silva, tendo lançado o CD “Leveza”, em 2013, mais uma face de seu talento.

 

A editora de O SAQUÁ Dulce Tupy

Jornalista e escritora, é editora do jornal “O Saquá” e do site osaquá.com.br. Em sua vida profissional, foi crítica de música e repórter especial de cultura na revista Visão, atuou no Caderno 2 do jornal O Estado de São Paulo, na revista Isto É, no jornal Movimento, na revista Módulo e no Cadernos do Terceiro Mundo, entre outros. Criou e editou o jornal SOS Racismo e vários jornais sindicais. Publicou o livro “Carnavais de Guerra, o nacionalismo no samba” e fez um ensaio e uma exposição de fotos dos “Carnavais de Guerra, Gente de Angola”, no Museu da Imagem e do Som, no Rio, e em várias capitais do país (Brasília, Belo Horizonte e São Paulo). É fundadora do Museu do Carnaval, na Praça da Apoteose, foi diretora do Museu Carmen Miranda, e julgadora do Desfile Oficial das Escolas de Samba, durante vários anos. Foi condecorada com a Medalha Cecília Meireles, da Academia de Letras Rio – Cidade Maravilhosa, no aniversário de 15 anos do jornal “O Saquá”, quando promoveu uma exposição na Casa da Cultura Walmir Ayala, em Saquarema, com as principais capas do jornal. Recebeu ainda Homenagem Especial do Salão de Artes Plásticas ABD, Prefeitura de Saquarema e Círculo Artístico e Cultural de Saquarema e os títulos de “Mulher de Ouro”, “Honra ao Mérito” e “Cidadã Saquaremense” da Câmara Municipal de Saquarema. Paulista de nascimento, DULCE TUPY foi jornalista em São Paulo e Rio de Janeiro, trabalhando há 30 anos em Saquarema.

 

 

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