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A grande batalha da Confederação dos Tamoios foi em Saquarema

Paulo Oliveira, autor do livro Tamoios, senhores do litoral, e o cineasta Carlos Pronzato que veio a Saquarema para fazer um filme sobre a grande batalha que teria ocorrido em Sampaio Corrêa (foto: Dulce Tupy)

O cineasta argentino-brasileiro, Carlos Pronzato, esteve em Saquarema, para iniciar as filmagens de seu mais novo documentário sobre a última batalha da Guerra dos Tamoios, que teria ocorrido em Sampaio Corrêa. A tese inédita, levantada pelo historiador popular Paulo Oliveira, autor do livro “Tamoios, Senhores do Litoral”, é baseada nos cálculos das léguas registradas no livro do Frei Augustinho de Salvador, escrito no século 16, que ficou durante dois séculos sem ser divulgado.

Arquivado na Torre do Tombo, em Lisboa, Portugal, o livro do Frei Augustinho revela que o local onde teria ocorrido o grande massacre dos tamoios teria sido no então Campo de Maranguá, entre a Serra de Matogrosso e a Praia de Jaconé. Na época, a localidade era incluída nas terras que então se denominavam o Cabo Frio, uma grande área que ia desde Macaé até Niterói, na Baía de Guanabara.

“As tropas portuguesas comandadas pelo governador Antônio Salema eram cerca de 1.100 homens, sendo 700 índios cristãos e 400 soldados. Os índios da aldeia em Maranguá, hoje Sampaio Corrêa, eram cerca de 10.000, guerreiros e suas famílias”, conta Paulo Oliveira. Os tamoios estavam esgotados, desde a tomada de Uruçumirim, onde morreu o grande cacique Aimberê, que Paulo considera o primeiro herói brasileiro, por seu papel político desempenhado na Confederação dos Tamoios.

“Foi Aimberê que conseguiu articular todos os caciques do Rio de Janeiro e partiu para São Paulo, onde selou a Paz de Ipeoíg. Mas os portugueses vieram reforçados mais tarde e se instalaram no Morro Cara de Cão, no Rio de Janeiro, de onde partiram para exterminar a aldeia de Uruçumirim que ficava próximo do Flamengo.” Sem o apoio dos franceses com quem negociavam o pau-brasil, os tamoios fugiram para a região do Cabo Frio, constituindo grande aldeia de Maranguá, onde foram praticamente exterminados.

Este episódio épico comoveu o documentarista Carlos Pronzato que já realizou cerca de 70 filmes, na maioria com os temas das rebeliões, levantes populares, étnicos, históricos e ambientais, além do mundo do trabalho. Ele leu o livro de Paulo Oliveira, editado pela Tupy Comunicações, ano passado, e desde então vem buscando informações sobre o tema. Em Saquarema, Pronzato encontrou pessoalmente o autor do livro e outras pessoas que vem colaborando com as filmagens.

“Espero poder contribuir com a releitura deste fato pioneiro da resistência brasileira, à luz do resgate da memória ancestral dos povos originários deste país”. O documentário será de fato uma revelação da luta indígena que retrata um momento heróico da história do Brasil.

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