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A Associação Brasileira de Imprensa (ABI) promoveu no dia 30 de julho um ato de apoio ao jornalista norte-americano Glen Greenwald, ameaçado pelo presidente Jair Bolsonaro de “pegar uma cana” no Brasil por divulgar no site The Intercept Brasil conversas pouco republicanas entre o juiz Sérgio Moro e o procurador da Lava Jato, Dalton Dellagnol. Casado com o deputado federal David Miranda (PSOL) e pai de dois filhos adotivos brasileiros, Glen não pode ser deportado.
A publicação dos diálogos de Curitiba que já está sendo chamada de “Vaza Jato”, tem sido foco de várias matérias em jornais e revistas tanto na imprensa nacional – jornal Folha de São Paulo e revista Veja – como também no exterior, sem falar na repercussão instantânea das emissoras de rádio e TV e em blogs e redes sociais na internet. Antes do ato no plenário da ABI, que mobilizou milhares de pessoas no Rio, foi feita uma entrevista coletiva com Gleen, acompanhado do presidente da ABI, o jornalista Paulo Jerônimo, o Pagê, o vice Cid Benjamin e outros diretores.
Com mais de 3 mil manifestantes que lotaram o plenário, o hall de entrada e o quarteirão da rua Araújo Porto Alegre, onde fica a sede da ABI, no centro do Rio, o ato de desagravo ao jornalista Glen Greenwald teve apoio de vários artistas, entre eles Chico Buarque e Wagner Moura, Camila Pitanga e Teresa Cristina, cantora e filha do Paulinho da Viola. Entidades de Jornalistas, como a FENAJ (Federação Nacional dos Jornalistas), representada pela ex-presidente Beth Costa, e o Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Estado do Rio de Janeiro, representado pelos diretores Continentino Porto e Sérgio Caldieri, também levaram o apoio a Gleen.
SOLIDARIEDADE
Parlamentares estavam lá: a deputada federal Benedita da Silva (PT), o também federal Marcelo Freixo (Psol), o estadual Babá (PSOL), o ex-presidente da OAB Waldick Janous, entre outros. Segundo o presidente da ABI, os ataques verbais do presidente da República são uma afronta ao exercício da profissão de jornalista que tem o direito constitucional de não revelar suas fontes de informação.
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No ato foi prestada solidariedade ao presidente da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), Dr. Felipe Santa Cruz, também atacado por Bolsonaro, que acusou o grupo de esquerda Ação Popular (AP) de ter matado o jovem militante Fernando Santa Cruz, aos 26 anos, hoje desaparecido político. Porém esta é uma versão que não se sustenta, tendo em vista que o próprio delegado Claudio Guerra confessou que levou o corpo de vários mortos sob tortura, incluindo o pai de Felipe, Fernando Santa Cruz, para ser incinerado no forno da Fazenda Cambayba, em Campos, no Norte Fluminense.
Desde que foi eleita a nova diretoria na ABI, a “Casa dos Jornalistas” vem somando combatendo o autoritarismo do governo Bolsonaro, ao lado de outras instituições nacionais como a OAB e a CNBB (Confederação Nacional dos Bispos do Brasil). Palco de grandes lutas nacionais, como a histórica campanha “O petróleo é nosso”, a ABI mais uma vez abriu suas portas não só para a defesa do jornalismo e da liberdade de imprensa, mas para a própria democracia brasileira, ameaçada pelos mandos e desmandos do bolsonarismo.
Em defesa dos jornalistas
Está sendo divulgado na Europa, Estados Unidos e América do Sul um manifesto assinado por 26 entidades, alertando para os ataques e ameaças cometidas contra o jornalista e fundador do site de informações “The Intercept”, Glenn Greenwald. Entre as instituições brasileiras estão: ABI, “Observatório da Imprensa”, FENAJ, Abraji, Intervozes e Associação de Repórteres Estrangeiros. O jornal inglês “The Guardian”, a “Freedom of the Press Foudation, a “Reporters Sans Frontieres, a “Global Editors Network” e “Article 19” são outros signatários. O manifesto lembra que desde 9 de junho passado, quando começou a série de reportagens sobre os bastidores da operação Lava Jato, Greenwald e sua equipe passaram a ser alvo de insultos, denúncias caluniosas e até ameaças de morte. E cobra: “o Estado brasileiro tem obrigação de garantir a proteção dos comunicadores, assim como investigar graves ameaças recebidas por jornalistas”.