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Jurandir da Silva Mello, uma, duas, três vezes prefeito de Saquarema

Jurandir Mello em seu gabinete no IBASS, em frente à foto tirada quando foi prefeito, em 1974, durante seu segundo mandato (Foto: Edimilson Soares)
Jurandir Mello em seu gabinete no IBASS, em frente à foto tirada quando foi prefeito, em 1974, durante seu segundo mandato (Foto: Edimilson Soares)

Quando Jurandir da Silva Melo nasceu no Palmital, numa família numerosa e humilde, era mais um na mesa da casa de Dona Mulatinha e Seu João Lauriano da Silva. Um, entre 12 irmãos, o pequeno Jurandir foi escolhido aos 10, 11 anos para acompanhar o pai no cavalo “Curuzinho” até Boa Esperança, em Rio Bonito, ou Morro Grande, em Araruama, toda segunda-feira, quando o pai ia trabalhar como pedreiro e o menino voltava sozinho, para então voltar para buscá-lo pela estrada de terra batida, aos sábados, para o descanso merecido no domingo.
Jurandir sempre foi trabalhador, levantando de madrugada para Araruama, junto com o irmão Joãozinho, para levar farinha, milho, banana e trazer peixe – perumbeba e xaréu, em Praia Seca – 2 a 3 vezes por semana. Sampaio Corrêa, terra que o consagrou como comerciante e prefeito, só conheceu em 1947, onde viveu sua juventude dos 13 aos 17 anos, indo depois para São Gonçalo e Rio Bonito, retornando a Saquarema somente em 1959. Casado com Denilda, com quem teve o filho Joebson, Jurandir só entrou na política por acaso.
Próspero comerciante de aguardente, que engarrafava o precioso líquido extraído da cana na fábrica em Sampaio Corrêa, ficou conhecido por produzir as marcas “Saquarema”, “Penumbra” e “Faceira”, sendo que o rótulo da “Saquarema” hoje faz parte do acervo do Museu da Cachaça, em Miguel Pereira.
“Faltando 19 dias para a eleição, foram me cassar em casa, para ser candidato”, conta o hoje presidente do IBASS (Instituto de Benefícios e Assistência dos Servidores de Saquarema), em seu gabinete no centro de Saquarema. Segundo Jurandir, ele não queria trocar a carreira de comerciante pela de político, mas a insistência foi tanta que acabou cedendo. A campanha foi a jato, numa Kombi que rodou o município de cabo a rabo. O jornalista Silênio Vignoli ainda se lembra quando jovem viu um carro descendo a ponte velha, na entrada da cidade, com o alto falante propagando: “eu sou Jurandir da Silva Melo”. Até então, ninguém na cidade conhecia o candidato que acabou ganhando a eleição, em 1966, tendo como vice Walquides Lima.
Daí em diante, a carreira política deslanchou, tendo sido reeleito em 1973, com o vice Leomil Pinheiro e, em 1983, reeleito pela terceira vez, com o vice Helber Vignoli. Em 1993, Jurandir voltou, mas agora como vice, do candidato a prefeito do Dr. João Alberto, como também foi vice de Antonio Peres, de 2001 a 2004. Considerado um pé quente na política, Jurandir Melo também é famoso como orador, com sua fala mansa, brilhante, que às vezes terminando com uma rima, como trovador. Com seu estilo peculiar de fazer política, sempre cumprimentando seus eleitores, falando com todos e esbanjando simpatia, Jurandir é chamado também de “eterno prefeito”, por sua longevidade. Uma vida dedicada ao município e aos cidadãos saquaremenses.
Entre as suas principais obras, ele cita a estrada do Tingui, a estrada do Rio da Areia, a Ponte do Girau, o Centro Cirúrgico e a Maternidade no Hospital de Bacaxá, 57 pontilhões sobre pequenos rios e riachos, 63 salas de aula, calçamento no Centro de Saquarema, Bacaxá e Sampaio Corrêa, a desapropriação dos terrenos da Prefeitura e do Posto de Saúde de Saquarema, tendo negociado a transmissão do sinal de televisão, com a instalação das torres e antenas, além dos telefones com a Telerj, através da cessão do terreno no centro de Saquarema, hoje em negociação para ficar na posse da prefeitura outra vez. Mas com tantos serviços prestados, Jurandir ainda tem um sonho.
“Eu gostaria de construir a sede do IBASS, talvez até neste terreno”, confessa o ex-prefeito. E lamenta que nas obras públicas, nos últimos anos, as placas antigas, com os nomes de seus primeiros construtores, tenham sido retiradas, quando da colocação de novas placas, nas reformas que são feitas. “As placas contam a história do município”, considera o tri-prefeito. “Eu gostaria que elas fossem preservadas”, com o que concorda plenamente a jornalista.

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