Silênio Vignoli

Ministros parecem na fila do INSS: quem é o próximo?

Opinião - Silênio Vignoli

Imagina-se até reforma ministerial a ocorrência de seis mudanças no primeiro escalão em apenas dez meses de governo. Com as exceções de Antonio Palocci (desvio ético) e Nelson Jobim (incompatibilidade de gênios) os quatro restantes abrangendo por último Orlando Silva, ministro do Esporte, foram derrubados por evidências de corrupção no entorno e dentro dos próprios gabinetes. Nestes dez meses do governo Dilma, aflorou reluzente um caleidoscópio de operações criminosas contra o já sugado bolso do contribuinte pela impiedosa carga tributária. Irradia de Brasília um capilarizado sistema de corrupção, lubrificando os diversos tipos de cadeados com segredo que acabam se abrindo com facilidade para a sangria do Erário.

O recado de Lula para que Orlando Silva e o PC do B resistissem à saída do Ministério do Esporte reforça a posição do ex-presidente de que o importante é a manutenção da base parlamentar aliada. Às favas essa tal de ética. Se este for o preço a ser pago para a manutenção dos votos no Congresso, que assim seja. E, dessa forma, o lulopetismo segue a empurrar com a barriga a vida pública brasileira para os mais baixos níveis éticos desde a redemocratização em 1985. O que se depreende é que os aliados são orientados a conviver naturalmente com uma impressionante enxurrada de fatos concretos, mostrando como é simples os partidos manipularem verbas dos ministérios, transferindo-as a ONGs companheiras, ao que tudo indica, para abastecer o caixa 2 de partidos aliados e seus filiados.

É por isso que retorna à ordem do dia a discussão sobre se Dilma vai voltar à “faxina” com a vassoura que tanto melhorou sua avaliação junto ao eleitorado de oposição no sul / sudeste. A presidente herdou uma equipe montada por seu mentor, Lula, e procura não compactuar com os “malfeitos”, mas já sabe que tem limites. O grande desafio é que Dilma não pode desmontar a base parlamentar aliada, construída sobre o lixão de um “toma-lá-dá-cá” como poucas vezes se viu em Brasília. Como no mensalão, quando Lula vacilou, ao dizer que fora traído para depois negar a existência do esquema, continua prevalecendo a filosofia lulopetista segundo a qual o que vale é a defesa dos fins a serem alcançados, não importando os meios. Na presente situação, há contornos que também, de alguma forma, nos remetem ao mensalão quando o apoio de partidos ao governo foi, literalmente, comprado com a utilização de dinheiro público.

A queda de mais um ministro, pelos mesmos motivos dos outros três anteriores, põe em xeque a rotina do fisiologismo adotado por aqueles que chegam ao poder e alerta a sociedade para os efeitos devastadores dessa prática que sugere, claramente, a tentativa de perpetuação no poder. Além disso, é imperioso que as instituições republicanas redobrem a atenção a este acúmulo de casos idênticos, que se repetem em áreas aparelhadas da máquina pública, à luz do dia, assaltando o Tesouro. O Ministério do Esporte está desde 2003 sob o domínio do PC do B, tempo mais que suficiente para a montagem deste sistema de dragagem do dinheiro público. Daí porque ouvi o cochicho de um marxista ortodoxo: “Poxa vida, já não se faz mais comunista como antigamente”.

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