Filomena no sambaqui da Manitiba 1. Foto: William.
O Sambaqui da Manitiba 1 é o único que restou na Manitiba, pois o Manitiba 2 já foi destruído. Situado próximo da Avenida Litorânea, recém asfaltada, a área do Sambaqui da Manitiba 1 tornou-se um objeto de desejo de invasores locais e forasteiros. Os lotes que formam o Sambaqui Manitiba 1 são o 12, 13, 14, 26, 27 e 28, do Loteamento Manitiba, no final de Barra Nova, próximo do Rio Salgado, no limite com Jaconé. Porém, a Rua D, na face norte, virada para a Lagoa de Saquarema, na junção dos lotes 26, 27 e 28, também deverá ser preservada por se situar ao lado do Sambaqui da Manitiba 1. Toda esta área está permanentemente ameaçada de invasão e vem sofrendo nos últimos anos a ação de vândalos que queimam a mata de restinga, abatem as árvores e destroem a cerca.
Segundo a antropóloga Filomena Crancio, responsável pelos sambaquis de Saquarema, deveria ser feita uma ação urgente, imediata, para resgatar o Sambaqui da Manintiba 1, um dos 4 que restaram dos 24 sambaquis descobertos anos atrás pela antropóloga Lina Kneipp, falecida em 2002. Desde esta ocasião, Filomena Crancio, do Museu Nacional, da UFRJ, luta pela preservação dos sambaquis, é responsável pela Praça do Sambaqui da Beirada e representa os interesses da arqueologia local junto aos Poderes Públicos, inclusive nas audiências oficiais que reúnem o IPHAN (Instituto do Patrimônio Histórico, Artístico Nacional), a Prefeitura Municipal e o Ministério Público.
A preservação possível
A prefeita Franciane Motta enviou 100 varas de eucaliptos para reforma da cerca da Praça do Sambaqui da Beirada, em Barra Nova. O secretário municipal de meio ambiente, Gilmar Magalhães, também vem fiscalizando o Sambaqui da Manitiba 1, inclusive com força policial, tudo isto para preservar o que restou da nossa pré-história.
“Preservar é possível”, é o que pensa a arqueóloga Filomena Crancio que pesquisa há 25 anos os sambaquis de Saquarema. “O Museu Nacional tem equipes de pesquisa para atuarem nos sambaquis de Saquarema”, confirma a arqueóloga. “Temos projetos de preservação dos Sambaquis da Manitiba 1, da Pontinha e de Jaconé, que ainda não foram pesquisados em sua totalidade. É possível que em 2010 as pesquisas sejam retomadas, dependendo das verbas oficiais e da aprovação do IPHAN”, conclui Filomena.
Matéria publicada na edição de janeiro de 2010
do jornal O Saquá (edição 116)