
Uma perda. Grande perda para a Literatura Brasileira e todos nós: em 30 de agosto passado, LUIS FERNANDO VERISSIMO, ou, simplesmente, “Ver!ssimo”, partiu para a eternidade. Mas nos livros que escreveu – e foram mais de 80… com mais de cinco milhões de exemplares vendidos… – deixou-nos seu humor personalíssimo, suas observações perspicazes da vida cotidiana e tornou-se, indubitavelmente, “Mestre do Humor e da Síntese”. Teve “uma admirável economia no uso das palavras – tudo é enxuto, nada sobra” – segundo a consagrada escritora ANA MARIA MACHADO.
E a referida escritora observa: “Que ninguém se engane. Pode parecer que LUIS FERNANDO VERISSIMO é que nem passarinho: abre o bico e sai cantando sem qualquer esforço, puro dom natural. Mas em arte isso não existe. E estamos falando de um artista da palavra.”
Nosso querido escritor tinha opiniões personalíssimas. Vejam: “Certas palavras nos dão a impressão de que voam, ao saírem da boca. “Sílfide”, por exemplo. É dizer “Sílfide” e ficar vendo suas evoluções no ar, como as de uma borboleta… Sempre achei que a palavra mais bonita da língua portuguesa é “sobrancelha”. Esta não voa mas paira no ar, como a neblina das manhãs até ser desmanchada pelo sol… Pode haver palavra mais estranha do que “exdrúxulo”? É uma palavra, sei lá. Exdrúxula… Para não falar em “autoctone”. Ou, meu Deus, em “seborreia”!… (Em seu livro “Comédias para se ler na Escola” – 1ª edição – Rio de Janeiro: Objetiva, 2001)
Ver!ssimo “era um homem de voz baixa, inteligência fulgurante, originalidade inigualável”, segundo EDNEY SILVESTRE (jornalista e escritor). “O homem mais doce, divertido e genial que conheci; meu “muso”, minha inspiração. Com sua leveza e olhar perspicaz, transformava o cotidiano em poesia e elevava o banal à teoria filosófica, sempre cheio de graça e humor” segundo PATRÍCIA PILLAR, no jornal “O Globo”, de 31/08/2025.
Dentre suas inúmeras “tiradas”, esta que, infelizmente, é atemporal: “Na política tudo é negociável, começando pelos princípios”.
Por fim, encerramos com as belas e sábias palavras de ANA MARIA MACHADO: “O Verissimo nunca pensou que ia ser escritor quando crescesse. Seu negócio era mesmo um bom solo de saxofone (…) Mas com essa história de ser músico, desenvolveu tanto o ouvido que acabou assim: …ele ouve (e conta pra nós) até o que pensamos, sentimos e sonhamos em silêncio. Em qualquer idade.” (Em “Bom de Ouvido”, na apresentação do livro de Verissimo, “Comédias para se ler na Escola”).