
O dia 25 de julho foi celebrado no Teatro Municipal Mário Lago, em Saquarema, com um evento realizado de forma coletiva. A data marcou a comemoração do Dia da Mulher Negra, Latina e Caribenha e também o Dia de Tereza de Benguela. A multiartista Glauce Pimenta Rosa – Matrigestora da Kazawá Saberes Ancestrais – Território Sagrado de Ciências Ancestrais e AfroPindorâmicas – destacou em sua fala a importância de lembrar Tereza de Benguela e Carolina de Jesus, símbolos de luta e resistência. O encontro reuniu artistas, coletivos e lideranças em um ato de cultura, política e memória.
Ao longo da noite, foram 10 mulheres de Saquarema homenageadas por suas trajetórias e ações transformadoras. Essas mulheres receberam reconhecimento público, em meio a aplausos e emoção. O evento também contou com apresentações artísticas, leituras e músicas que deram força à celebração. Trechos da obra de Carolina Maria de Jesus foram lembrados, trazendo sua voz e potência. A ancestralidade apareceu em alguns momentos, evocando raízes e espiritualidade.
RECONHECIMENTO PÚBLICO
O público participou ativamente, vibrando e se emocionando a cada homenagem. Plantas foram distribuídas, simbolizando cuidado, resistência e continuidade. O teatro foi tomado por cores, vozes e expressões de luta e esperança. O caráter coletivo foi um dos pontos mais marcantes, revelando união e compromisso. Cada fala destacou a necessidade de manter viva a memória e a luta das mulheres negras.
O espaço se transformou em território de reconhecimento e valorização. O evento deu visibilidade a histórias locais muitas vezes silenciadas. Mulheres negras foram celebradas como protagonistas de sua própria história. Ao final, uma homenagem coletiva reuniu todas no palco, em clima de emoção.
O encerramento trouxe dança e alegria, celebrando a vida, a resistência e a força do coletivo.

Duas guerreiras: Teresa de Benguela e Carolina de Jesus

No dia em que se comemora no Brasil Teresa de Benguela, também se comemora o Dia Internacional da Mulher Negra, Latina e Caribenha. E, no evento realizado no Teatro Municipal Mário Lago, também se comemorou a escritora Carolina de Jesus, com uma exposição sobre a sua vida e obra. Quem são essas mulheres tão poderosas e que até hoje fazem parte da nossa memória? Elas não podem ser esquecidas, principalmente pelas negras, mas também pelas indígenas, mestiças brancas e toda a sociedade brasileira.
Tereza de Benguela foi uma rainha, líder quilombola do século XVIII que, após a morte de seu marido, governou o Quilombo do Quariterê, no Mato Grosso, por mais de 20 anos. Sob sua liderança, o quilombo prosperou, desenvolvendo uma estrutura econômica baseada no cultivo e comércio, e uma forte organização militar e política que incluía um conselho de decisão.Tereza é um símbolo de resistência negra e feminina no Brasil e sua luta culminou na criação do Dia Nacional de Tereza de Benguela e da Mulher Negra, celebrado no Brasil, em 25 de julho, que coincide com o Dia da Mulher Negra, Latina e Caribenha.
Carolina de Jesus foi uma escritora negra brasileira que relatou em seus livros as condições de miséria da favela e do lixão em São Paulo, na primeira metade do século XX. Carolina de Jesus, que teve sua vida atravessada pela miséria e fome, é uma das primeiras autoras negras publicadas no Brasil. Favelada e catadora de papel, narrou em seus escritos a vida dura que teve desde a infância. Seu primeiro livro – Quarto de Despejo – é um instrumento de denúncia social escrito por quem efetivamente vivia nessas condições de vida devastadora. Com mais de 5 mil páginas escritas à mão, incluindo romances, contos, crônicas, poemas, peças de teatro e canções, Carolina de Jesus foi publicada em mais de 40 países e traduzida para 14 línguas.