
O ex-presidente do Uruguai Pepe Mojica faleceu no dia 13 de maio, deixando seus compatriotas e militantes de esquerda, revolucionários do mundo inteiro, tristes com a sua partida. Membro do Movimento de Lilbertação Nacional – Tupamaros nos anos 60, em sua clandestinidade foi ferido 4 vezes em confrontos com a polícia, escapou 2 vezes e foi capturado em 1972. Preso e torturado, durante a famigerada ditadura uruguaia, viveu 14 anos em situação precária nos cárceres locais, até ser libertado pela anistia em 1985.
Nascido em Montevidéu, em 20 de maio de 1935, foi um dos fundadores do Movimento de Participação Popular (MPP), partido pelo qual foi eleito em 1994, chegando ao Senado em 1999, tendo sido ministro da Agricultura no governo Tabaré Vásques. Eleito presidente do Uruguai em 2010, durante sua gestão – que durou até 2015 – o gasto social subiu de 60,9% para 75,5% no orçamento público e o salário mínimo teve aumento de 250%. Durante seu mandato, a economia cresceu cerca de 5,4% ao ano. Em 2012, legalizou a maconha e descriminalizou o aborto, até a 12ª semana de gestação.
Como político, chamava a atenção da imprensa pelo estilo de vida simples, vivendo no mesmo sítio nos arredores da capital, com sua mulher Lucía Topolansky. Considerado “o presidente mais pobre do mundo”, dirigia um Fusca azul, ano 1987. Após deixar a Presidência, Mujica voltou ao Senado, onde permaneceu até 2020, tendo se afastado devido à pandemia de Covid-19. Passou os últimos anos cuidando da horta em sua casa e, segundo testemunhos, doava até 90% do salário como ex-presidente a projetos sociais. Declarava-se ateu, mas dizia admirar a natureza.
Em 2024, revelou ter um câncer no esôfago, agravado por uma doença autoimune que afetava seus rins, o que impedia tratamentos como quimioterapia ou cirurgia. Mesmo doente, manteve-se ativo até onde pôde. “Estou morrendo”, declarou em entrevista de julho de 2024. Em janeiro de 2025, afirmou que se ia “tranquilo e grato” após viver uma vida “muito boa”. No domingo (11), a esposa e ex-vice-presidente Lucía Topolansky confirmou que ele estava em estado terminal e sob cuidados paliativos. “Estou com ele há mais de 40 anos e estarei com ele até o fim”, afirmou Topolansky.