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Uma dama na reciclagem do lixo

A comunidade também apoia as atividades de limpeza da praia e das margens da Lagoa de Saquarema, em Barra Nova (Fotos: Divulgação / Projeto Nem tudo é lixo)

Ela nasceu em São Paulo, viveu em Santo André, passava férias em Aguaí, perto de São João de Boavista. Depois, veio morar em Niterói, frequentava nas férias no antigo Proderj, uma Colônia de Férias de Funcionários do Estado do Rio de Janeiro, na praia, em Barra Nova, Saquarema. Casou-se e o marido comprou um terreno. Separada do marido, permaneceu em Saquarema que parecia aos seus olhos uma espécie de Aguaí, pequena cidade no interior de São Paulo, com a vantagem da praia! Tudo de bom!

Aqui voltou a trabalhar como professora, inicialmente na Creche Tia Juracy, com a diretora Dona Lúcia, mãe da atual prefeita Manoela. Logo foi transferida para a escola Carlos Wanderson, em Jaconé, onde conheceu o que ela chama de “sertão” de Saquarema, devido à carência dos alunos, naquela época. Aos poucos abraçou a causa de seus alunos, com palavras de afirmação e acabou virando uma espécie de orientadora para toda a escola, com o projeto inovador Semente ao Florescer. Dali foi para o “Pré” escolar, onde começou a reciclagem, depois de ter participado do curso “Educação da Vida”, da Seicho-No Ie, onde aprendeu e adotou para toda a vida a meditação, que pratica até hoje.

NEM TUDO É LIXO

A reciclagem surgiu na escola a partir da merenda, com a pergunta de onde vinha a embalagem do suco, tendo como matéria prima os copinhos descartáveis. Aos poucos, explicava para alunos e professores que aquilo foi retirado da natureza e passava didaticamente uma consciência universal e uma vibração a favor do meio ambiente, mas só trabalhava com sua turma. Em seguida, foi convidada pela diretora da Escola Municipal Osíris Palmier da Veiga – Josélia, na época – em Barra Nova, para trabalhar no Mais Educação, dando reforço em Língua Portuguesa aos alunos. Foi o primeiro passo para alcançar o meio ambiente definitivamente, onde podia alcançar a escola toda!
“Primeiro, ensinei a gratidão. Tínhamos que ter gratidão por tudo que a natureza nos oferece e fazer tudo ao nosso alcance para não poluir o meio ambiente. Depois, veio a consciência de separar os resíduos e vender para a reciclagem. Foi quando entrou a Dona Hilma, que tem um depósito em Jaconé, e com quem estabelecemos uma parceria. Depois, foram os passeios com a turma, quando fomos visitar uma fábrica de plástico e outra de papelão no Polo Industrial, em Sampaio Corrêa. Visitamos também a fazenda do Wellington, produtor rural e secretário municipal de Agricultura, para ensinar de onde vêm os alimentos”, conta Sueli.

A professora Sueli com as crianças na horta da Escola Osiris Palmier da Veiga

ATIVIDADES EXTRA MUROS

Levando grupos de 70 alunos (em ônibus cedidos pelo poder público e pela companhia de transportes de Saquarema), Sueli continuou motivando as crianças, suas próprias famílias, professores e funcionários da escola. Assim, chegou o projeto de fazer a horta, que continua até hoje, cada vez mais próspera. O trabalho que se iniciou na escola começou, então, a se expandir e saiu dos muros escolares para alcançar a comunidade dos bairro e vizinhança. Foi natural o encontro na praia, durante um campeonato de surfe de peito em Jaconé, onde praticava a coleta de resíduos sólidos e microlixo. Depois, retornou a Barra Nova, promovendo a coleta de resíduos no Chauí.


Recentemente, a coleta foi nas margens da Lagoa de Saquarema, em frente ao próprio Osisris, atrás da Confederação Brasileira de Vôlei, instituição com a qual Sueli e Hilma matêm também uma parceria. Ali, a professora Sueli encontrou um dos moradores mais antigos do bairro, o construtor Seu Zezé, catando resíduos no gramado em frente a sua casa, na beira da lagoa; parabenizou o trabalho voluntário que o idoso faz em harmonia com a natureza, por iniciativa própria. É o caso também de outro idoso, o jornalista Edimilson Soares, também conhecido como “Seu Saquá”, por ser fotógrafo e um dos criadores do jornal O Saquá. Ele atendeu ao apelo de Sueli e começou a separar os resíduos sólidos de sua casa, para promover o descarte correto e colaborar na preservação do meio ambiente.

UM EXEMPLO A SEGUIR

Além do trabalho escolar e comunitário, Sueli acaba de concluir um curso promovido pelo PNUD (Programa de Desenvolvimento das Nações Unidas) e Petrobrás, sobre os ODS – Objetivos do Desenvolvimento Sustentável – preconizados pela Agenda 2030, que está sendo implantado no Brasil e em vários países. Hoje, o Projeto Nem Tudo é Lixo, criado e desenvolvido por Sueli, há maias de 10 anos., Aos poucos, ela tem procurado empresas como TerraCycle, líder global de reciclabilidades, como materiais da escrita Faber Castell e com a Reciclo recolhendo Havaianas e está buscando parceria para reciclagem de lâmpadas. Enfim, o Nem Tudo É Lixo, já deu certo! Um exemplo para todas as escolas deste e dos demais municípios. É só começar!

Professora Sueli

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