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Lançado o livro “Calabouço”, sobre o assassinato de um estudante que foi estopim das grandes passeatas em 1968

Os irredentos Paulo Gomes, advogado, e Geraldo Sardinha, autor do livro, participavam das atividades no restaurante Calabouço em 1968 (Foto: Daniel Mazzola)

O livro “Calabouço, rebelião e resistência dos estudantes contra a ditadura civil-militar em 1968” foi lançado no auditório da OAB-RJ, no centro do Rio de Janeiro. Escrito pelo militante político Geraldo Sardinha, com prefácio do advogado e também militante de esquerda Paulo Gomes, o livro foi publicado pelo Nú- cleo Irredentos. O livro, escrito no exílio de Geraldo, no Uruguai, conta a saga do histórico restaurante estudantil fundado pelo presidente Getúlio Vargas nos anos 50. Em março de 1968, uma manifestação no Calabouço, reprimida pela polícia militar, culminou com a morte do estudante secundarista Edson Luís, que detonou a sequência de grandes manifestações estudantis e passeatas no Rio de Janeiro.

O Calabouço era um restaurante popular voltado aos estudantes carentes e que, após a instalação do Golpe Militar e Civil de 1964, acabou se tornando um importante polo de resistência e oposição política. Sardinha era um dos estudantes naquele protesto em março de 1968, que ajudou a carregar o corpo de Edson Luís, desde o restaurante até a Assembleia Legislativa, que funcionava na época na atual Câmara dos Vereadores do Rio de Janeiro, na Cinelândia. O que se seguiu depois do enterro do estudante foi uma série de manifestações que culminaram com a famosa Passeata dos Cem Mil, em junho, no Rio de Janeiro. Mais tarde, em novembro, seria promulgado o AI 5, o ato do governo militar que fechou definitivamente as portas para a participação democrática, radicalizando ainda mais os chamados Anos de Chumbo.

Organizado pelo diretor do Centro de Documentação e Pesquisa da OAB-RJ, Aderson Bussinger, o evento reuniu o jornalista Edilberto Veras e a anistiada política Zulmira Batista, que também participaram do Calabouço, além do histórico sindicalista Raphael Martinelli, entre outras personalidades polí- ticas. Na ocasião, o autor lembrou diversos fatos que vivenciou em sua trajetória como militante político, sua vida na clandestinidade, a fundação do Partido Comunista Brasileiro Revolucionário (PCBR), onde militou, e seu exílio no Uruguai, onde militou no grupo Túpac Amaru, ficando preso durante 3 longos anos. Junto com o livro, vem anexado o filme Calabouço, um tiro no coração, do diretor Carlos Pronzato, onde a jornalista Dulce Tupy, estudante na época da Escola Nacional de Belas Artes, dá um depoimento sobre o impacto da morte do estudante secundarista na vida universitária

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