Surfe

Nas ondas do Maraca

Ícone do surfe filma a história dos 50 anos do esporte em Saquarema

Pioneiro do surfe, Rossini Maraca resgata a trajetória do surfe. (Foto: Dulce Tupy)
Pioneiro do surfe, Rossini Maraca resgata a trajetória do surfe. (Foto: Dulce Tupy)

Por: Dulce Tupy e Alessandra Calazans

O apelido Maraca veio do amigo Tito Rosemberg, que do nome Rossini Maranhão, pegou Maranhão e começou a chama-lo de “Maraca”, antes mesmo do estádio Mário Filho ser chamado de Maracanã e depois simplesmente “Maraca”. Mas o fato é que, por causa dos dois “Maracas”, a Praia de Itaúna também passou a se chamar “Maracanã do surfe”. O surfista Maraca, um dos pioneiros do esporte, foi um dos primeiros brasileiros a surfar as ondas gigantes do Havaí. Foi também um pioneiro na produção do surfe profissional, promovendo campeonatos históricos em Saquarema. Agora, fazendo 50 anos de surfe, está na hora de contar sua história, ou seja a história do surfe desde que pisou pela primeira vez nas areias de Itaúna, rumo às ondas que têm fama de serem as mais perfeitas do mundo.

Maraca conta que era final de verão, água do mar azul, e o Armando Serra chegou ao Rio contando que tinha vindo pescar em Saquarema e visto boas ondas. Maraca, Tito Rosemberg e outras feras que já surfavam no Arpoador tomaram a iniciativa de conhecer o lugar. A casa de Patrícia Sampaio abrigou a galera em Saquarema, onde começaram a pegar onda na Barrinha. Desde então não deixaram mais de vir para Saquá. “Hoje me considero saquaremense e carioca, apesar de ter nascido em Belém do Pará”, confessa Maraca. “Meu coração é 50 % saquaremense, porque quando eu cheguei aqui e vi a onda maravilhosa eu gostei e não consigo morar em outro lugar, porque aqui tem onda boa, eu trabalho no dia em que não tem onda boa e, pego onda no dia que tem onda boa, em água quente de preferência, que água gelada nem pensar”, explica ele, uma verdadeira lenda do surfe nacional.

Toca Seabra e Maraca,  o primeiro filme sobre surfe feito no Brasil.
Toca Seabra e Maraca, o primeiro filme sobre surfe feito no Brasil.

Vivenciando o ponto alto de sua carreira, Maraca fala sobre o filme “Nas ondas do surfe”, que estreou em 1978, com excelente repercussão, lançado em rede nacional, com produção do Bruni e do próprio Maraca. Na mesma época, Maraca torna-se apresentador de um programa na TV Bandeirantes, chamado “Surfe no Set”, o primeiro na televisão sobre surfe, transmitido aos sábados, com audiência estimada em 400 mil telespectadores, o que era então extraordinário… Logo depois, veio o programa “Realce”, na Rede Record, seguido pelo “Vibração”, e mais tarde o programa “Mapa da Saúde”. Na Rede Globo, Maraca trabalhou também na área comercial, lançando jingles e campanhas, e na novela Top Model, em 1980, onde representava a si mesmo, atuando ao lado de Nuno Leal Maia, Zezé Polessa, Adriana Esteves e Evandro Mesquita, entre outros globais.

Entre os grandes eventos, fez a Copa CCE, com 80 mil pessoas, e o evento da Rádio Fluminense, com 30 mil pessoas, em Saquarema. Fez também o lançamento do Red Bull no Brasil. Trouxe o campeonato longboard internacional para Saquarema e fez o resgate do surfe, quando os grandes campeonatos estavam impedidos de se realizar por aqui, devido a irregularidades junto à FESERJ (Federação de Surf do Estado do Rio de Janeiro). Maraca trabalhou ainda para a vinda do mundial, o WCT, para Itaúna e promoveu, em 2011, a exposição da história do surfe em Saquarema na Pousada Espuma da Praia, durante o mundial WQS.

Cenas inéditas

Atualmente, o nosso surfista está envolvido com o lançamento de seu novo filme, que conta os 50 anos da história do surfe, com cenas inéditas das ondas de Itaúna, das ondas gigantes da Manitiba e de campeonatos memoráveis. Com participação da cantora saquaremense Érica, na trilha sonora, e produção de Luiz Ignácio, o filme resgata cenas totalmente inéditas.

“É uma memória fantástica! Foram feitas imagens de 2 anos de ondas impecáveis em Saquarema, com toda sua majestade: Itaúna gigante, a Barrinha perfeita, a Vila melhor que o Havaí, com filmagens aéreas, filmagens aquáticas, a Laje de Manitiba, com 8 pés com 18, de dentro do tubo, puxada pelo “tow in”, incluindo depoimentos de Evandro Mesquita, André de Biase, Mark Occhilupo, todos os pioneiros do surfe e os locais”, fala Maraca. “São grandes histórias; é a expressão máxima do surfe”, garante ele, afirmando que nenhum programa de surfe chegou tão perto desta realidade. Na fase final da edição do filme, Maraca ainda deseja pôr em prática outros projetos como o Campeonato Mundial de Surfe de Surdos e Mudos e o Museu do Surfe.

E como atleta master, aos 64 anos, em recente entrevista para o programa Zona de Impacto, do canal Sport TV, junto ao campeão Lucas Silveira, de 17 anos, Maraca mostrou que ainda manda bem nas ondas. O programa promoveu o encontro de duas gerações de grandes surfistas, nas ondas perfeitas de Itaúna. Maraca resume: “foi um momento grato no Maracanã do Surfe”. Ao contar a história dos 50 anos do surfe, Maraca revela como o esporte tornou-se marca registrada do município, nacional e internacionalmente. “É a grande referência esportiva da cidade”.

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