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Lixão de Bacaxá, um incêndio e um caso não resolvido

O incêndio no lixão de Bacaxá, no Rio da Areia, provocou uma grande fumaça escura, que assustou os moradores e serviu de alerta para o problema do lixo na cidade (Foto: Michele Maria)
O incêndio no lixão de Bacaxá, no Rio da Areia, provocou uma grande fumaça escura, que assustou os moradores e serviu de alerta para o problema do lixo na cidade (Foto: Michele Maria)

Um incêndio no lixão de Bacaxá causou um transtorno em agosto, gerando grossas colunas de fumaça escura. Segundo o presidente da associação de catadores de resíduos sólidos Acrama Verde, Jorge Alexandrino, o fogo teria começado na tarde de domingo, dia 11, mas só na segunda-feira o Corpo de Bombeiros foi acionado, quando os focos já haviam se espalhado, tomando conta de quase toda a área onde é descartado o lixo de Saquarema. A prefeitura foi acionada e contribuiu com o fornecimento de água e barro para abafar o fogo. Até à noite de sexta, dia 16, ainda havia fumaça no local, mas na manhã de sábado a vida começou a voltar ao normal.

O incêndio virou notícia na TV e redes sociais. Segundo o Major Ricardo Esteves, comandante do Corpo de Bombeiros de Saquarema, a situação poderia ser outra se os bombeiros fossem acionados no primeiro momento e fez um alerta à população em situações de risco: “No caso de dúvidas de como proceder, o Corpo de Bombeiros precisa ser acionado imediatamente para evitar que a situação piore.”

Devido ao incêndio no Lixão, no bairro Rio de Areia, os catadores deixaram de trabalhar no local por quase uma semana para resguardar a saúde, o que prejudicou a renda de diversas famílias. Os catadores são verdadeiros heróis ambientais, que dependem direta ou indiretamente dos resíduos sólidos aproveitáveis, que servem para reciclagem e reutilização. O trabalho é feito a céu aberto, o que é inadequado, pois deveria ser num galpão construído especialmente para este fim.

 Extinção do lixão tem que  ser até 2014

Embora Saquarema tenha saído na frente da maioria dos municípios da Região dos Lagos, no que diz respeito ao mínimo necessário para iniciar um trabalho de coleta seletiva, ainda está longe de atender às determinações legais dispostas na Lei 12.305 de agosto de 2010, que institui a Política Nacional de Resíduos Sólidos. Em reunião com Rosane Mendonça, assessora técnica do Inea (Instituto Estadual do Ambiente) em Araruama, o presidente da Acrama Verde, Alexandrino, se informou sobre os passos necessários à implementação do Programa de Coleta Seletiva Solidária no município.

O ano de 2014 é o prazo máximo para o município se adequar à Lei Nacional de Resíduos Sólidos, que visa extinguir os lixões em todo o país. A Gestão de Resíduos Sólidos será um dos eixos temáticos da Conferência Nacional do Meio Ambiente que vai se realizar em Brasília, de 24 a 27 de outubro. Na Conferência Estadual do Meio Ambiente, realizada na UERJ, no Rio de Janeiro, o secretário estadual do Ambiente, Carlos Minc, fez um balanço dos avanços do tratamento de lixo no estado, onde declarou que 92% dos resíduos já são enviados para aterros sanitários e não mais para os lixões.

Secretário de Meio Ambiente fala sobre o incêndio e resíduos sólidos no município

Depois do incêndio do lixão de Bacaxá, o secretário de Meio Ambiente de Saquarema, Gilmar Magalhães, falou sobre a possível causa, que seria uma combustão espontânea, já que é inevitável a presença de gases no local. Para resolver o problema definitivamente no município, o lixão deve ser banido e o lixo dever ser encaminhado para um aterro sanitário. Inicialmente, a área escolhida para a construção do aterro sanitário seria em Bicuíba, num consórcio de municípios que incluiria Saquarema, Araruama e Silva Jardim. Porém, Araruama já está despejando seu lixo no Aterro Sanitário Dois Arcos, em São Pedro da Aldeia, e por um custo alto. Até agora ninguém pode prever o que vai acontecer, pois apesar do consórcio estar consolidado, até agora as obras não iniciaram e já existe até a possibilidade de que o aterro não seja mais construído, como informou um funcionário do Consórcio Intermunicipal Lagos São João, na Conferência Regional de Meio Ambiente Lagos São João.

Quanto à coleta seletiva, em breve ele vai agendar uma reunião com a prefeita Franciane Motta para iniciar este trabalho, começando pela implantação do Programa Coleta Seletiva Solidária, criado pelo Instituto Estadual do Ambiente (Inea). Na ocasião, conversarão sobre estratégias para atender os catadores, em maior número possível, não apenas uma associação. Serão criados também projetos para as escolas públicas municipais, para que os alunos sejam multiplicadores do programa, conscientizando às famílias da importância da separação dos resíduos secos dos resíduos molhados.

GLOSSÁRIO

(Extraído do Jornal da ALERJ, Ano XI, n° 267, de 1° a 15 de maio)

  Lixão: Espaço destinado a receber o lixo sem muito planejamento ou proteção contra impacto ambiental. O lixo fica descoberto, atraindo animais como ratos e urubus.

 Aterro sanitário: Também chamado de Centro de Tratamento de Resíduos (CTR), é um local preparado para receber o lixo através da impermeabilização do solo, o que impede o vazamento do chorume e a consequente contaminação do lençol freático. Aterra o material diariamente e possui tubulação para liberação do metano gerado na decomposição da metade orgânica – e que pode ser utilizado como fonte de energia.

Dependendo da licença recebida, pode ter diferentes obrigações, mas, em geral, é responsável ainda pela esterilização dos Resíduos de Serviço de Saúde (RSS) – ou lixo hospitalar – e pelo tratamento do chorume gerado.

• Aterro controlado: No aterro controlado, é feita a cobertura diária do lixo, o que evita o mal cheiro e a proliferação de animais, mas apesar disso os cuidados com a contaminação do solo e águas subterrâneas são incompletos.

 Chorume: Líquido proveniente de putrefação de matéria orgânica. É altamente poluidor, já que costuma ter alta concentração de substâncias não biodegradáveis e metais pesados.

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