Cultura

Chico Guarani: de Saquarema à luta pela preservação do Museu do Índio

O professor Mércio Gomes, autor do livro Os índios e o Brasil, com lideranças indígenas, entre elas a advogada indígena Namara Gurupi e Chico Guarani,  ao fundo, na Aldeia Maracanã. (Foto: Divulgação)
O professor Mércio Gomes, autor do livro Os índios e o Brasil, com lideranças indígenas, entre elas a advogada indígena Namara Gurupi e Chico Guarani, ao fundo, na Aldeia Maracanã. (Foto: Divulgação)

Desde que veio morar em Saquarema, no ano passado, num condomínio no Porto da Roça, Chico Guarani não teve tempo de parar em casa. Viajando de um lado para o outro, tendo passado o natal na Aldeia Camboinhas, em Niterói, depois visitando o Mato Grosso, em Canarana, cidade próxima do Xingu, onde se reuniu com o pagé Sapaim e seu filho Ianaculá Rodart, atualmente Chico está junto com as lideranças indígenas na luta contra a demolição do prédio do antigo do Museu do Índio, ao lado do estádio Mário Filho, o Maracanã.
Ameaçado de ser demolido para a construção de um estacionamento, para atender à Copa do Mundo, o antigo Museu do Índio ainda conserva a história da domesticação das sementes no laboratório que permaneceu no local, mesmo depois da transferência de todo o acervo do museu para um pequeno prédio em Botafogo.

Chico Guarani, pintado e com cocar indígena, antes de dar uma entrevista, no quintal do jornal O Saquá, em Barra Nova, Saquarema. Foto: Divulgação)
Chico Guarani, pintado e com cocar indígena, antes de dar uma entrevista, no quintal do jornal O Saquá, em Barra Nova, Saquarema. Foto: Divulgação)

Tombado desde 1937, por uma lei do governo Getúlio Vargas, o prédio abrigou momentos históricos, como o encontro do líder caiapó Raoni com o Marechal Rondon, em 1954. Hoje, com o nome de Centro Cultural Indígena-Aldeia Maracanã, o prédio foi ocupado por índios de várias etnias que se recusam a deixar o lugar ocupado pela memória de seus ancestrais. No local, a comunidade indígena vem promovendo eventos, exposição de artesanato, lançamento de livro e debates que contam com o apoio de várias entidades, ONGs, professores e alunos da UERJ, ISERJ e da PUC, advogados e outros solidários com a luta contra a demolição do prédio que pertencia ao Ministério da Agricultura, cedido posteriormente ao Governo do Estado do Rio de Janeiro, onde em 1910 o Marechal Rondon fundou o antigo Serviço de Proteção ao Índio (SPI).

Em 1953, o prédio abrigou o primeiro Museu do Índio da América Latina, criado pelo antropólogo Darcy Ribeiro. Fã do antropólogo que foi vice do governador Leonel Brizola, Chico acaba de encontrar na trincheira do Maracanã o também antropólogo Mércio Gomes, ex-presidente da Funai, Fundação Nacional do Índio, atual professor da UERJ (Universidade do Estado do Rio de Janeiro), somando forças com os índios. Enfermeiro de profissão, o gaúcho Chico Guarani fortalece o movimento e declara sua indignação: “retirar os índios do Centro Cultural Indígena não se justifica e demonstra descaso e desrespeito à história e cultura nacional”.

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