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Eleições frias, mas necessárias

As eleições em Saquarema transcorreram friamente, sem comícios, sem cartazes, praticamente sem panfletos, vendo-se apenas os pequenos “santinhos” jogados na véspera e no dia da eleição, na entrada dos locais de votação. Uma tentativa vã de esquentar a boca-de-urna, que aparentemente não ocorreu. Porém, dizem à boca-pequena em vários cantos da cidade que houve sim uma boca-de-urna invisível, onde rolou dinheiro e outras coisinhas, em pacotes pequenos, oferecidas por cabos eleitorais aos eleitores.

O resultado da eleição majoritária, para prefeito(a), já era previsto, com a reeleição de Manoela (DEM), que fez toda a campanha sem usar o nome de seu marido Peres. Manoela, que teve a sorte de, em sua gestão, receber um grande volume de royalties do petróleo, fez inúmeras obras e prometeu umas tantas que terá que cumprir agora, no próximo mandato. Sendo assim, obteve 34.960 votos, num total de 78,52% dos votos válidos.

SEM RENOVAÇÃO

Já o segundo colocado, o vereador Rodrigo Borges (Republicanos), obteve 5.190 votos, 11,66% dos votos válidos. Candidato a prefeito pela primeira vez, Rodrigo empenhou todas as suas peças neste jogo político que não é para principiantes. Ao contrário de seu tio Dalton Borges, um líder carismático, demonstrou ter pouco jogo de cintura e, apesar do sorriso, uma expressão sisuda demais para cair no gosto popular.

O jovem Renato Ribeiro (Solidariedade), o Renatinho, filho do ex-vereador Paulo Renato, obteve 2.208 votos, 4,96% dos votos válidos. Não ganhou, nem perdeu! Candidato estreante, poderia ter sido eleito se tivesse disputado uma vaga para vereador, mas preferiu dar um passo maior que as pernas. Com um bom programa de governo, marcou seu pedaço na política saquaremense, onde pode se tornar uma opção positiva nas próximas eleições.

Márcio Motta (PSD), pouco conhecido na cidade, embora tenha trabalhado na equipe do marketing da primeira campanha de Manoela Peres e seja primo da ex-prefeita Franciane Motta, obteve apenas 1.171 votos, 2,63% dos votos válidos. Profissional gabaritado em comunicação, Márcio tem vínculos com a família Bolsonaro e chegou a abrigar o amigo Queiroz aqui em Saquarema. Sua campanha, com toques de sensacionalismo, não colou e acabou se tornando um personagem discutível nas redes sociais.

ABSTENÇÃO NUMEROSA

A professora Luciana Queiroz (PSB), professora bastante conhecida no município, fez uma campanha impecável, do ponto de vista ético. Obteve 768 votos, 1,72% dos votos válidos. Com propostas bem elaboradas em seu plano de governo, trouxe um pouco de brilhantismo para o jogo político, especialmente no debate promovido pela ONG Raízes, em parceria com o ativo grupo do NEA-BC (Núcleo de Educação Ambiental da Bacia de Campos).

Cosme Souza (PC do B), obteve somente 227 votos, 0,51% dos votos válidos. Natural da Mombaça, foi lanterneiro e liderança comunitária no bairro Alvorada. Foi também do PT, quando era conhecido como Cosminho, e agora apareceu vinculado a um partido sem tradição local e que não consegue se multiplicar em Saquarema. Assim como o PT e o PSOl, não aglutina eleitores nesse rincão do litoral do Estado do Rio, apesar de algumas propostas cabíveis.

Então, foi-se mais uma eleição e o quadro político no município permaneceu praticamente o mesmo, com vitória para a política tradicional. Nada de novo. No total, votaram 49.707 eleitores, sendo votos válidos 44.524. Votos em branco foram 1.477 e votos nulos, 3.706. Abstenções, 17.358: um número que expressa o quanto foi fria esta eleição.

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