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17ª Semana Nacional de Museus

A equipe do Museu de Conhecimentos Gerais, com o diretor Carlos Alexandre e a equipe do Teatro Municipal Mário Lago (fotos: Dulce Tupy)

Realizou-se em Saquarema no mês de maio a 17ª Semana Nacional de Museus. Promovida pelo Museu de Conhecimentos Gerais, que funciona em Jaconé, o evento teve apoio da Subsecretaria Municipal de Educação e Cultura. A semana se iniciou com uma exposição de quadros no Teatro Mário Lago e a programação continuou com uma palestra sobre o Morro do Ouro, uma lenda que data do século 18 e sobrevive até hoje. Proferida pela professora Maria de Lourdes Vieira, a palestra foi na Escola Municipal Ismênia de Barros Barroso.

A semana também foi comemorada na Biblioteca Comunitária de Jaconé e retornou ao Teatro Mário Lago, onde o turismólogo Wangles Avelis fez uma palestra sobre Patrimônio Cultural. “O patrimônio cultural pode ser patrimônio material (cidades, igrejas, casas, esculturas, monumentos, etc.) e imaterial (religiões, cantos, danças, tradições populares, culinárias, festas folclóricas, etc.)”, falou o professor e educador patrimonial, que também enfatizou a memória como ferramenta fundamental na construção do patrimônio nacional.

O Museu de Conhecimentos Gerais, criado pelo biólogo Carlos Alexandre, fica na Rua 18, esquina com 96, em Jaconé. A partir de estudo da taxidermia (preservação de animais) na Fiocruz, em Manguinhos, no Rio de Janeiro, Carlos Alexandre começou a colecionar amostras e montar exposições em escolas e centros educacionais. Entusiasmado com a ideia de criar um museu, reuniu em pouco tempo um grande acervo que não cabia mais em uma pequena sala de sua casa. Agora o museu ocupa um espaço maior, uma reserva técnica anexa à própria casa de Alexandre, aberto à visitação da comunidade com hora marcada.

MORRO DO OURO

“Jaconé é um bairro com muitos mistérios; o Morro do Ouro é um deles”, afirma a historiadora Maria de Lourdes Vieira. A professora visitou Iram Barroso, neto do primeiro Barroso que adquiriu as terras de Jaconé, entre várias outras fontes de pesquisa que indicam que existiram 3 piratas que estiveram no Brasil e passaram por Jaconé, no século 18, na antiga Fazenda Santiago: Zulmiro, Sancho e Zarolho. Segundo pesquisa do arqueólogo Marcos Juliano, um advogado apaixonado por arqueologia que escreveu um livro sobre a vida do pirata Zulmiro, foi em Curitiba que os três se encontraram.

A historiadora Maria de Lourdes (segunda, à direita) com a equipe do Museu de Conhecimentos Gerais na escola municipal em Jaconé

“Zulmiro era um lord inglês da Marinha Britânica que matou o comandante e tomou posse do navio! Com os outros dois piratas, foi para a Argentina e também circulou pela Baía da Guanabara, quando o Morro da Urca se chamava Trindade. No Rio, Zulmiro mostrou o mapa que fez ao governador na época, por volta de 1711. Estava sendo procurado pelos argentinos. Então os três se desentenderam e se dividiram. Zarolho foi assassinado na África; Pancho voltou para a Europa, onde morreu. Zulmiro morreu no Brasil”, conta a historiadora.

Sebastião Barroso, filho do primeiro Barroso, que veio para Jaconé tomar posse das terras herdadas de seu pai, pesquisou o assunto na Biblioteca Nacional onde descobriu o mapa de um tesouro. O ouro provavelmente veio do Peru, pelo Rio da Prata, e pode ter sido espalhado pelos piratas em qualquer lugar da costa brasileira, do Sul até o Espírito Santo.

Em 1896, o caso do Morro do Ouro foi publicado no Jornal do Brasil. Em abril de 1914, o jornal O Estado de São Paulo, publicou também uma matéria sobre os piratas e o ouro. Em 1970, o Loteamento Jaconé fazia propaganda dos lotes dizendo que ficavam perto do ouro! Atualmente, mora no terreno acima dos grandes buracos cavados na encosta do Morro do Ouro um senhor que prefere não falar do tesouro que porventura pudesse estar ali escondido.

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