Educação

José Bandeira será homenageado na Casa da Cultura e vai virar nome de escola no Boqueirão

A filha de José Bandeira, Maria José, com um quadro com a foto do poeta que será  homenageado pela escola que pretende substituir o nome do ditador Castelo  Branco pelo do ilustre saquaremense. Foto: Edimlson Soares
A filha de José Bandeira, Maria José, com um quadro com a foto do poeta que será homenageado pela escola que pretende substituir o nome do ditador Castelo Branco pelo do ilustre saquaremense. Foto: Edimlson Soares

Saquarema tem filhos ilustres que honram e elevam o nome desta cidade. Dentre estes, destaca-se o saquaremense José Bandeira, conhecido poeta e compositor, sendo inclusive autor do hino do município e de vários hinos sacros. Exímio pescador, funcionário da Prefeitura e da Câmara Municipal, José Bandeira foi também juiz de paz. Como poeta tinha o sonho de publicar um livro, mas em vida não realizou esse sonho.  Só em 1996, a família, com apoio de amigos, publicou o livro “O Poeta e as Musas”, com poesias de José Bandeira e ilustrações do artista plástico Nelsinho, com prefácio da também poeta, advogada, cantora e compositora Messody Benoliel. Hoje, o livro é uma raridade.

O poeta José Bandeira. Foto: Divulgação/Casa da Cultura-PMS
O poeta José Bandeira. Foto: Divulgação/Casa da Cultura-PMS

“José Bandeira nasceu no município de Saquarema, Estado do Rio de Janeiro, no dia 28 de maio de 1909 e morreu no dia 23 de outubro de 1989. Teve seus primeiros estudos em casa, administrados por sua irmã Elvira, sua grande orientadora e amiga. Prosseguiu seus estudos na Escola da Colônia de Pescadores e na Escola Estadual de Saquarema, possuindo apenas a 2ª série primária. Sua profissão era a de pescador; tanto pescava na lagoa como no mar, e com o produto da pesca mantinha a si próprio e a sua mãe”, escreveu à amiga Messody Ramiro Benoliel, no prefácio do livro.

“Seu pai, Sr. Tomé Joaquim Bandeira, era o médico da cidade, mesmo não sendo formado; faleceu quando o poeta tinha apenas 4 anos de idade. Em 1935, foi contratado pela Prefeitura Municipal de Saquarema com a função de diarista, tendo trabalhado na gestão de 4 prefeitos, sem contudo abandonar a profissão de pescador. Em 1950, foi nomeado pelo Presidente da Câmara de Vereadores de Saquarema, Sr. Gentil Manoel Mendonça para o cargo de Oficial de Atas até o ano de 1977, quando foi aposentado pela Compulsória. Porém, o presidente da Câmara na ocasião, Sr. Juarez Diogo de Oliveira, juntamente com os demais vereadores, não concordaram com seu afastamento e o nomearam Oficial de Gabinete da Câmara de Vereadores, função que exerceu até sua morte”, continua Messody, até hoje amiga da família.

Uma escola para José Bandeira

No dia 28 de maio, haverá um evento comemorativo do aniversário de José Bandeira na Casa de Cultura Walmir Ayala. No dia seguinte, sexta-feira, dia 29, haverá o lançamento do livro “De olho na poesia”, o 12° da poeta e amiga de José Bandeira, Messody Benoliel. Coincidência? Sim. Como também outra homenagem ao poeta, que será o pedido de alteração do nome da Escola Municipal Castelo Branco, no Boqueirão, para Escola Municipal José Bandeira, seguindo uma tendência nacional de valorização de nomes locais, em detrimento de nomes cultuados pela ditadura civil e militar que assolou o país de 1964 a 1985.

O pescador, do livro O poeta  e as Musas, ilustração do artista plástico Nelsinho
O pescador, do livro O poeta
e as Musas, ilustração do artista plástico Nelsinho

O nome José Bandeira foi escolhido pela comunidade escolar, envolvendo alunos, professores e pais de alunos. Mas antes, o assunto foi debatido nas aulas de história, do professor Geovânio Amaro, ano passado, quando se descomemorou os 50 anos da ditadura militar e civil. Na Feira Cultural de Saquarema, alunos da escola apresentaram um esquete teatral, levando à praça pública a discussão sobre a ditadura e as torturas utilizadas contra os presos políticos. Em dezembro, a proposta de mudança do nome da escola foi apresentada ao Conselho Municipal de Educação e, a partir daí começou uma consulta à comunidade escolar e à sociedade civil para a escolha de um novo nome para a escola. Atualmente, corre um abaixo-assinado com centenas de assinaturas para mudar o nome da escola para José Bandeira. E desde então, foi formada uma comissão, com o coordenador pedagógico Ivo Marins, a professora Cláudia Machado, os pais de alunos Sandra dos Santos, Eduardo dos Santos Júnior e Vania Costa, além dos alunos da EJA Luís Henrique, Cristina, Celma, Karolayne Izabel. O próximo passo é encaminhar todo o processo para a prefeita Franciane Motta que vai analisar o pleito da escola. Mais do que justo o reconhecimento deste grande saquaremense.

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2 thoughts on “José Bandeira será homenageado na Casa da Cultura e vai virar nome de escola no Boqueirão
  1. Olá, estava lendo a matéria e verifiquei que o ano de nascimento dele está incorreto. Estou fazendo laboratório para fazer uma leitura da poesia, na casa de cultura, desse autor maravilhoso e como não se encontra muita coisa na internet, gostaria de saber o real ano de nascimento dele. Muito Obrigada desde já!

    1. Olá, Karen. Agradecemos sua observação, o ano de nascimento é 1909, vamos fazer a correção no texto.

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