Beatriz Dutra: Cultura é Notícia Cidade Cultura

VIDA E POESIA

Cultura é Notícia - Beatriz Dutra“Vida e poesia são a mesma coisa”, escreveu Mario Quintana. Mas é preciso olhos para ver e sensibilidade para sentir a presença da poesia na vida corrida e concorrida que vivemos. Apesar da pressa do dia-a-dia, é preciso resistir e não abrir mão de perceber o encanto que muitas vezes nos cerca e no entanto, deixamos passar em vão…
Os poetas, como ninguém, são capazes de captar a poesia mesmo nos dias mais comuns. Vejam MANOEL DE BARROS: “Os andarilhos, as crianças e os passarinhos têm o dom de ser poesia”… // “A ciência pode classificar e nomear os órgãos de um sabiá mas não pode medir seus encantos.” // “Dou respeito às coisas desimportantes e aos seres desimportantes. Prezo insetos mais que aviões. Prezo a velocidade das tartarugas mais que a dos mísseis. Eu fui aparelhado para gostar de passarinhos. Tenho abundância de ser feliz.” //(…) eu não sou da informática: eu sou da invencionática.” // ”Quem acumula muita informação perde o condão de adivinhar: divinare.” // “Vi que tudo o que o homem fabrica vira sucata: bicicleta, avião, automóvel. Só o que não vira sucata é ave, árvore, rã, pedra. Até nave espacial vira sucata. Agora eu penso uma garça branca de brejo ser mais linda que uma nave espacial. Peço desculpas por cometer essa verdade”.
Ah, Manoel, que força tem sua poesia: tão simples, tão profunda e tão bela! Ela tem o dom de atingir em cheio os corações de tantos, que, mesmo na dura luta pela sobrevivência, estão atentos à beleza da poesia de modo que ela não passe em vão…

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2 thoughts on “VIDA E POESIA
  1. Achei muito de muito bom gosto e de extrema sensibilidade a prioridade às coisas simples.
    Que são ‘ simples

  2. Achei de muito bom gosto e de extrema sensibilidade essa forma incrível de priorizar as coisas ‘simples’ , tornando-as grandiosas. Morei por 6 anos, desde os 12 de idade na cidade de Saquarema, no bairro de Vilatur; e lá consegui admirar e dar valor exatamente à essa riqueza que é a natureza, a simplicidade, a humildade…
    O simples fato de receber um ‘bom dia’ de todos que cruzo pela rua, faz capaz a inspiração para poesia.
    Hoje em dia moro na Baixada do Rio, em Nilópolis. Mas meus avós ainda moram em Vilatur e quase todo fim de semana vou visitá-los e matar a saudade da paz local.
    Sou prova viva da formação que um local tão rico de energia positiva pode causar!
    Me tornei poeta pela beleza, pela simplicidade, pelo canto dos pássaros, o ‘som do silêncio’ que as árvores junto do vento trazem, do mar que se contrasta com o horizonte…
    Eu sou grato pela paz que a cidade proporciona, pois influenciou e ainda influencia muito na pessoa que sou. E graças à isso, o que sou hoje é poesia !

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