Beatriz Dutra: Cultura é Notícia Cultura

Felicidade

Cultura é Notícia - Beatriz Dutra

Não conseguia me fixar num tema para esta crônica. O tempo passava e já me angustiava com isso. Até que dois fatos ocorridos na mesma tarde resolveram o problema: ao pegar o remédio que precisava, com o movimento, um dos livros caiu de capa para cima e pude ler seu título: “Felicidade”. Sorri para ele… Duas horas depois, ao procurar um documento, em meio a vários papéis encontro uma velha revista aberta na página de matéria intitulada “Felicidade”. Sorri, agradecida para ela… Acaso? Coincidência? Nunca saberei, mas o fato é que tema e título da crônica de hoje chegaram juntinhos para mim: “FELICIDADE”!
Ao pensar em FELICIDADE, não há como não lembrar da beleza dos versos de Vinicius de Moraes em seu poema “A Felicidade”, musicado por Tom Jobim: “A felicidade é como a gota / De orvalho numa pétala de flor / Brilha tranquila / Depois de leve oscila / E cai como uma lágrima de amor / (…) / A felicidade do pobre parece / A grande ilusão do carnaval / (…) / A gente trabalha o ano inteiro / por um momento de sonho / Pra fazer a fantasia / De rei ou de pirata ou jardineira / Para tudo se acabar na quarta-feira / (…) / A Felicidade é como a pluma / Que o vento vai levando pelo ar / Voa tão leve / Mas tem a vida breve / Precisa que haja vento sem parar / (…) Tristeza não tem fim / Felicidade sim (…)
Sobre o tema, Poesia e Filosofia de mãos dadas. A Poesia encantando a vida; a Filosofia, “ciência do bem viver”, existindo para que possamos viver melhor, com menos sofrimentos e enfrentando com serenidade e coragem o “perpétuo vai-e-vem de elevações e quedas” (Sêneca 4a.C – 65 d.c). Seu ofício “é serenar as tempestades d’alma”, escreveu Montaigne (1533 – 1592) e sua missão essencial é “tornar viável a busca da felicidade”. O tema é vasto e o espaço curto. Hoje deixo apenas os ensinamentos de Demócrito (460 a.c – 370 a.c). “Ocupe-se de pouco para ser feliz”; e Rousseau (1712 – 1778) “A espécie de felicidade de que preciso não é tanto a de fazer o que quero, mas a de não fazer o que não quero”.
O tema merece continuação na próxima vez. Afinal, a felicidade não está propriamente em viver, mas em sabermos viver. E nisso, a Filosofia pode nos ajudar.

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