Beatriz Dutra: Cultura é Notícia

Um virtuoso musical

Cultura È NotÌcia - Beatriz Dutra

Ele canta, encanta e seduz. É considerado um artista, um virtuoso musical “capaz de entoar 260 sequencias diferentes e cantar por duas horas seguidas sem repetir nenhuma delas”: o ROUXINOL, amado símbolo dos poetas e presente em diversas obras de valor universal como a “Odisseia”, de Homero, “Orfeu”, de Virgílio e o “Sonnet 102”, de Shakespeare, no qual o poeta “compara a sua poesia de amor ao canto do rouxinol”, segundo Graça Magalhães Rueter, em excelente matéria (“Rouxinol, uma ave artista”) publicada no suplemento “O Globo Amanhã”, de 11.06.2013, do jornal “O Globo”.

A citada jornalista conta que o canto do rouxinol (e só o macho canta) tem dupla função: à noite, “é usado como material de sedução” e, “de madrugada, um pouco antes do nascer do sol, serve para defender seu território, monstrando aos outros passarinhos que ali, onde ele está, é o seu habitat,” “Procriando em florestas da Europa e do Sudoeste da Ásia, é em Berlim onde se concentra a maior população de rouxinóis do continente europeu: hoje chega a nove mil.”

Rouxinol.Pássaros migratórios, eles vivem na Europa Central em dois períodos do ano: “de fevereiro a março e de setembro a outubro, quando, então, começam uma longa viagem em direção à África, permanecendo no continente africano durante todo o inverno do Hemisfério Norte”. Mas, pesquisa realizada pela Profª de Biocomunicação da Universidade Livre de Berlim, SILKE KIPPER, revela que “os mesmos rouxinois voltavam da sua migração de inverno para Berlim ao longo de oito anos consecutivos. Para realizar o percurso, os passarinhos armazenavam no verão, gordura bastante para a travessia dos Alpes e do Mediterrâneo, até atingir o Sul do Saara”. E como a travessia “é perigosa e extenuante, apenas um terço das aves sobrevive, e entre os filhotes, o percentual de sobrevivência é apenas 2%”.

Comovida, lembrei-me que o ROUXINOL também está presente em minha poesia. E num poema escrito e publicado há mais de dez anos, “Fascinante Orfeu”, no livro “Mônadas”, de 2002, da ZMF Editora, que transcrevo a seguir: Irresistível o fascínio de Orfeu, / que ao tanger sua divina lira / abrandava a ferocidade das feras, / emocionava as árvores / e amaciava a rudeza dos rochedos. / Dizem que ao morrer, / sua lira, levada por Júpiter, / foi colocada entre as estrelas. / E em seu túmulo, em Limetra / o rouximol vem cantar, / até hoje, o mais mavioso canto / já ouvido em toda a Grécia.
Ave, ROUXINOL!

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