Dulce Tupy

A importância das nossas mulheres na política local

Editorial - Dulce Tupy

A prefeita Franciane acaba de ser reeleita para mais um mandato em Saquarema. Pela primeira vez teremos 2 vereadoras na Câmara Municipal: a veterana Taéta e novata Adriana de Vander. Dito assim parece simples, mas a conquista do voto feminino e a participação das mulheres na política não foi nada fácil. Há 80 anos, no governo do presidente Getúlio Vargas, o Brasil tornou-se um dos pioneiros na conquista do voto feminino, antes mesmo da França, Itália e Japão. Mas, na verdade, desde o final do século 19, as mulheres brasileiras e no mundo todo lutavam pelos seus direitos civis.

Em 1885, uma dentista gaúcha reivindicou seu alistamento eleitoral, baseada numa lei que garantia o voto a portadores de títulos científicos, mas seu pedido foi julgado improcedente. Em 1891, uma baiana tentou ser candidata a deputada, mas também foi impedida. As feministas do início do século 20, em luta pela participação da mulher na política fundaram em 1922 a Federação Brasileira pelo Progresso Feminino. Em 1927, no Rio Grande do Norte, uma mulher finalmente conseguiu incluir seu nome entre os eleitores. Mas somente em 1932 foi garantido o direito do voto às mulheres brasileiras, sendo a médica Carlota de Queiroz a primeira deputada eleita, em 1933.

Hoje, cerca de 10% dos(as) prefeitos(as) são mulheres, assim como são mulheres cerca de 12% dos(as) vereadores(as) no país. É pouco, tendo em vista o número de eleitoras que é maior do que o de eleitores do sexo masculino. Este ano, pela primeira vez, valeu a Lei das Cotas, segundo a qual os partidos políticos tiveram que apresentar 30% de candidatas mulheres. Mas, na maioria dos casos, elas foram usadas apenas para cumprir a lei e não tiveram chances realmente de tocar suas campanhas, até por falta de recursos. Poucas tiveram apoio de seus partidos, apesar de terem grande militância em movimentos sociais.

Em Saquarema, dois fatos devem ser analisados. O primeiro, como não poderia deixar de ser, a vitória estrondosa da prefeita Franciane Motta que, com seu jeito feminino de administrar a cidade, ganhou a simpatia dos eleitores que a elegeram com mais de 60% dos votos, como indicava pesquisa IBOPE, publicada com exclusividade pelo jornal O Saquá. Franciane volta agora com força total, embalada na ótima administração, já consagrada pelo 4º lugar no Índice Firjan, no Estado do Rio de Janeiro. Às vésperas da eleição, a revista Época publicou um ranking das cidades mais prósperas do país e constatou que Saquarema cresceu 63% em número de negócios, o maior crescimento neste setor registrado no Rio de Janeiro. Na Câmara Municipal, onde a vereadora Taéta reina há vários mandatos sucessivos, a chegada de mais uma vereadora, Adriana de Vander, deve ser saudada por todos e todas. É uma vitória feminina, num universo dominado historicamente pelos homens.

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