Política

A verdade sobre a traição

O ex-vereador Pitico, atual chefe de gabinete do deputado Paulo Melo. Foto: Edimilson Soares.
O ex-vereador Pitico, atual chefe de gabinete do deputado Paulo Melo. Foto: Edimilson Soares.

Entrevista com o chefe de gabinete do deputado Paulo Melo, Pitico, revela tudo sobre o racha com o ex-prefeito Peres

Por: Dulce Tupy

Ele é nascido e criado no Boqueirão e foi no colégio que conheceu o professor de matemática Ancelmo, determinante na sua carreira política. Vereador por dois mandatos, Hamilton Oliveira, o popular Pitico, é atualmente chefe de gabinete do deputado Paulo Melo, na Assembléia Legislativa (ALERJ). Mobilizador e articulador político, sempre fez parte do grupo que elegeu pela primeira vez o deputado Paulo Melo em Saquarema e posteriormente levou o ex-prefeito Antonio Peres à eleição e à reeleição. Porém, diante da ruptura entre o ex-prefeito e o deputado, tomou posição a favor de Paulo Melo, afastando-se de Peres que critica pela falta de ética e acusa de traição. Nesta entrevista exclusiva ao jornal O Saquá, Pitico fala de sua trajetória em mais de 20 anos no mesmo grupo político e faz uma análise da situação atual.

O Saquá: Quando e como você entrou na política?

Pitico: Eu entrei na política por acaso. Jamais tinha pensado. Era aluno do professor Ancelmo, no Washington Luís, e ele se candidatou a vereador. Entrei na campanha, pedi votos, o Ancelmo teve uma votação expressiva no Boqueirão, se tornou presidente da Câmara, em 1989 e me chamou para trabalhar. Nesta época eu já conhecia Dalton Borges. Ele tinha ficado como suplente em 88, mas em 92 foi o vereador mais votado. Também em 88, Paulo Melo foi eleito vereador e, em 1990, foi candidato a deputado estadual. Dalton foi quem levantou a primeira bandeira na campanha do Paulo! O então prefeito Carlos Campos, o Carlinhos, tinha um candidato a deputado estadual que era o José de Castro, de Conceição de Macabu. Aí Carlinhos pediu a Dalton para apoiar Paulo Melo e nós fechamos o apoio, Dalton e eu, só depois o Peres entrou na campanha do Paulo. A partir daí, eu e Paulo nos aproximamos muito, tanto que, depois do afastamento de Dalton do nosso grupo, quando foi vice do Carlinhos, eu fiquei com Paulo, que se afastou de Dalton para ser fiel a Peres, na campanha a prefeito, em 1996. A pedido do deputado, fui coordenador da campanha de Peres; montava palanque, preparava a estrutura! Sempre fui uma pessoa conduzida pela fidelidade, fiel aos meus princípios, ao meu grupo político e às pessoas que me cercam.

O Saquá: Você foi vereador, por dois mandatos, secretário de serviços públicos e de promoção social e agora está na Assembléia Legislativa, no Rio.

Pitico: Sou o chefe de gabinete do deputado Paulo Melo; sempre estive ao lado do deputado. Acho que a forma do deputado fazer política é correta, pela sua fidelidade e forma de agir. Às vezes até me prejudico, mas sei que eu estou fazendo o melhor para Saquarema; abdico até das coisas que eu poderia ser, mas lá na frente pode ser que chegue a minha hora…

O Saquá: Hoje paira uma dúvida em relação a quem traiu quem. O que aconteceu de fato entre Peres e Paulo Melo?

Pitico: Acho que, pelo fato de Dalton ter ganho nas urnas da prefeita Franciane Motta, Peres achou que ser oposição era o grande lance e teria grandes chances de ganhar na próxima eleição. Só que ele contava em formar oposição junto com Dalton e Zequinha. Ele falou isso para mim! Zequinha garantiu a ele que levaria Dalton e que juntos formariam um grupo. Mas ele se precipitou.

O Saquá: Para você foi surpresa?

Pitico: Foi surpresa! Eu estava em Saquarema quando o deputado me ligou. No primeiro momento eu fiquei chocado, nem acreditei; achava que era pilha de companheiros insatisfeitos. O prefeito não estava no país. Quando voltou, confirmou que tinha ido à casa do Zequinha: ele, Paulo Renato e o presidente da Câmara, o Cabral. Uma coisa você pode ter certeza: eles não foram lá para falar de futebol… Eles dizem que foram lá por amizade a Zequinha, mas eles sabem que Zequinha não é amigo; é companheiro político, que é diferente de amizade. Só que encontrei Dalton na rua e ele me confidenciou que jamais ficaria com Peres! Então, vi uma forma de reverter a situação. Eles estavam querendo isolar o deputado. Mas a partir do que o Dalton me passou – que ele não ficaria com Peres – falei com o deputado e fiz a aproximação dos dois, com a intervenção do deputado Jorge Picciani, na Assembléia Legislativa. Hoje, estou satisfeito de ter participado desta articulação e sei que o povo de Saquarema também, pois estamos sentindo a diferença. Segundo as pesquisas de intenção de voto, foi boa a aliança entre Dalton e Paulo. Tenho certeza de que o deputado terá a sua maior eleição na da história de Saquarema.

O Saquá: Você participou das 4 campanhas de Peres, 2 em que ele ganhou e 2 em que ele perdeu, e também da campanha da prefeita Franciane Motta, que foi um dos motivos de discórdia, não foi?

Pitico: Eu nunca vi Paulo Melo tão determinado, com sede de ganhar eleição, como nas campanhas de Peres! Ele se dedicava ao grupo em todos os sentidos, com apoio pessoal e financeiro, porque Peres não tinha estrutura para manter um grupo político durante 8 anos. Mas não vi esse mesmo empenho do ex-prefeito na campanha da Franciane! Eu era muito amigo do ex-prefeito, como sou do Paulo. E, com certeza, se o traidor fosse Paulo, hoje eu poderia estar no grupo do ex-prefeito. Sei dos momentos difíceis que o ex-prefeito passou, até na parte jurídica, e sei como o deputado foi útil para ele. Peres madrugava na casa do deputado pedindo um help no processo de cassação que ele ainda responde por causa de 3 cheques que ele deu para pagar a Ceral, para colocar luz numa casa no Matogrosso, em Sampaio Corrêa, e também no processo em que ele é acusado de ter pago uma funcionária para ser sua empregada doméstica, com dinheiro da Cooperativa Multiprof, como se ela trabalhasse na Prefeitura. Estes processos estão em andamento no Ministério Público. Outra atitude negativa do Peres foi o fato dele não pagar os funcionários da Multiprof no mês de setembro, às vésperas da eleição da Franciane. Isso prejudicou. Ele ficou com o dinheiro em caixa e só pagou depois da eleição. Ele não fez pela Franciane nem 20 % do que Paulo fez por ele…

O Saquá: Por tudo isso você acha que houve traição…

Pitico: Houve e foi chocante, porque eu tinha um carinho muito grande pelo Peres. Esta situação me deixou triste. Um homem que não tem gratidão não tem caráter. O ex-prefeito Peres está falando num carro de som que a oposição tem que votar no candidato dele. Seria o momento de ficar calado, porque a verdadeira oposição, liderada pelo Dalton, chegou à conclusão que Paulo Melo é o melhor para o município. Só traidores estão contra Paulo. Por isso falo: cala a boca Peres! www.calabocaperes.com.br. Ele devia ir para casa e votar no Paulo, porque sabe da importância do deputado. Ele sabe o que Paulo foi no governo dele, os convênios que trouxe para fazer asfalto e todas as obras… Eu gostaria que ele parasse para refletir. Tanto nos governos de Garotinho e de Rosinha como no do governador Sergio Cabral, se Peres não tivesse o apoio total do deputado Paulo Melo, não faria nada!

O Saquá: Ficou uma mágoa, né?

Pitico: Da forma que aconteceu, acho que foi premeditado. Tanto é que o ex-prefeito está usando arquivos de campanha contra o deputado. Parece programado!. Eu não tenho sequer um CD de campanha; o deputado não tem nem um DVD das campanhas anteriores… Hoje Peres usa a Internet para denegrir o Paulo, prejudicar a campanha do deputado; isso me deixa muito magoado. E acho que ele devia parar. Primeiro, porque se você acessar o site do TSE, verifica que o ex-prefeito não pode ser candidato, por estar sendo processado. Ele está com 9 processos; está inelegível. É só ir no site do TSE-RJ e clicar em “Contas Irregulares”…

Capa O Saquá 124

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Matéria publicada na edição de setembro
de 2010 do jornal O Saquá (edição 124)

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